TRANSIGÊNCIA E EROSÃO

 


Salmo 1


O antigo hinário dos hebreus começa com uma canção que trata de uma das opressões mais comuns da vida: A transigência.


Por favor, entenda que eu não estou referindo-me àqueles momentos de dar e receber tão necessários para se viver em harmonia uns com os outros. Sem este tipo saudável de transigência, as nações Jamais poderiam encontrar um local de encontro para uma coexistência pacífica, e membros de família estariam para sempre atacando uns aos outros.


Estou pensando, em vez disso, em transigir com o erro, permitindo que os tentáculos de movimento lento do mal nos envolvam, extraindo das nossas vidas as alegrias e recompensas da obediência. Isso acontece tão silenciosamente, tão sutilmente, que nós dificilmente percebemos que está ocorrendo. Como um carvalho enorme que apodreceu por dentro durante anos, e então cai de repente, aqueles que permitem a opressão corrosiva da transigência podem esperar uma queda

final.


Lembro-me de ter lido, anos atrás, sobre a construção dos prédios da prefeitura e do corpo de bombeiros de uma pequena comunidade ao norte da Pensilvânia. Todos os cidadãos estavam muito orgulhosos da sua nova estrutura de tijolos vermelhos — um sonho antigo que se realizava. Não muitas semanas após se mudarem, porém, coisas estranhas começaram a acontecer. Várias portas passaram a não fechar completamente e algumas janelas a não abrir muito facilmente. Com o passar do tempo, rachaduras ameaçadoras começaram a aparecer nas paredes. Em alguns meses, a porta da frente não podia ser trancada, uma vez que o alicerce tinha se deslocado, e o telhado começou a vazar. Pouco a pouco, o pequeno prédio que uma vez foi uma fonte de grande orgulho cívico teve que ser condenado. O culpado foi um controverso processo de extração de carvão chamado “mineração contínua longwall”, situado bem fundo na terra, debaixo do alicerce. Terra, rochas e carvão foram removidos às toneladas, de forma que o prédio foi construído sobre um alicerce que não tinha nenhuma sustentação própria. Em razão desta erosão, feita pelo homem, o prédio começou a afundar.


O mesmo acontece com a transigência em uma vida. Lentamente, quase que de forma imperceptível, uma argumentação leva a outra, a qual provoca uma série de alterações igualmente prejudiciais e uma vida que no passado já foi estável, forte e confiável. Esta parece ser a preocupação do salmista quando compõe a sua primeira canção, incentivando-nos a resistir até mesmo à menor tentação de transigir em relação às nossas convicções.


Charles R. Swindoll - "Vivendo Salmos"

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