O TESOURO CELESTIAL É AMOR


A partir do momento que o amor busca a si mesmo, ele morre. O amor de Jesus brilha e busca aqueles que estão em trevas. O sol não pode permanecer restrito a si mesmo. Parte da natureza misteriosa desse raio de luz celestial é que quando começamos a agarrá-lo para nós mesmos, ele parece se obscurecer. Não podemos ter a luz e mantê-la reservada para nós mesmos. Você vê o sol brilhando sobre aquela árvore? Se a árvore dissesse, “ninguém deve me ver”, será que ela poderia se ocultar antes que as trevas da noite a apanhem? Uma vez que a luz está sobre ela, ela será vista. Nós somos vasos de barro criados para conter o tesouro celestial e nada mais – fomos criados para deixar essa vida, amor, riquezas e tesouros de Jesus aparecerem.

VAMOS ENTÃO OLHAR PARA O VASO DE BARRO. 

Vi outro dia um jarro de prata sobre a mesa cheio de leite, e um pequeno vaso de barro marrom com creme. Ninguém rejeitou o creme porque estava em um vaso de barro. Somos como os vasos de prata, mas Deus ama colocar Seus mais ricos tesouros em vasos de barro. Essa é uma lição de extrema importância.

Cristãos pensam tanto a respeito de suas fraquezas – “sou tão tolo, fraco, limitado, alguém é mais dotado que eu, pode fazer mais!” – esquecemo-nos que Deus deseja vasos de barro!

Na África do Sul havia um incrédulo muito difícil de tratar e um dia um ministro enviou um ancião da igreja, homem sábio e piedoso, para visitá-lo. Ele argumentou com ele, mas não conseguiu convencê-lo, foi inútil. Havia um velho fazendeiro que orava por anos por aquele homem incrédulo (ele era um ferreiro). Bem cedo ele tomou seu cavalo e foi até ele, que o saudou dizendo “bem, o que traz você aqui numa hora dessas?”. O fazendeiro gaguejou, pois ao ser saudado com aquelas palavras ele ficou sem palavras. O incrédulo riu, dificultando ainda mais as coisas. Finalmente aquele fazendeiro começou a chorar e balbuciou: “Estou muito ansioso devido à condição de sua alma”, e foi logo embora. Isso levou aquele incrédulo a se converter. Veja, o tesouro celestial em um vaso de barro.

ISSO NOS ENSINA CORAGEM, E TAMBÉM HUMILDADE. 

Não tenho nada em mim mesmo. “O que se humilha será exaltado” (Lc 14:11), aquele se confessa ser nada além de um vaso de barro pode ser cheio do tesouro celestial. Que terrível maldição: o orgulho e o ego. Desejamos que Deus nos dê algumas coisas para que nos tornemos em algo, mas Deus deseja que“nada” sejamos. Um tesouro celestial em um vaso terreno. 

Paulo estava correndo perigo nesse sentido. Ele pregava na demonstração do Espírito e de poder. Ele foi tomado ao terceiro céu e ouviu coisas inefáveis, que não podia referir. Então Deus permitiu que “um mensageiro de Satanás” o humilhasse. Paulo orou a esse respeito três vezes, mas Jesus lhe disse: “Não, Paulo. Te levei ao terceiro céu e você corre o risco de acreditar que é um vaso celestial. Enviei isso para te humilhar, e para que minha força seja aperfeiçoada em sua fraqueza”. Assim Paulo pôde louvar a Deus e imediatamente ele se alegrou por todos os problemas que ainda viriam (2Co 12:1-10).

Mais adiante, vemos que Paulo afirmou: “trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1Co 15:10), certamente ele nunca havia sonhado em ter realizado tantas coisas. 

Mas, depois de falar sobre esse tesouro celestial contido nos vasos terrenos, qual seria a aplicação disso?

Quem dentre nós deseja ser um vaso terreno cheio com esse tesouro celestial? Ah! Como isso é necessário! Quatro milhões de pessoas em Londres nunca foram à um lugar de adoração. Que terrível isso acontecer em um país cristão. Não seria melhor chamá-la de terra ímpia? E o pior é que dentre um milhão de pessoas que frequentam esses lugares com tanta formalidade, como são poucos aqueles que realmente conhecem a Cristo e o tesouro celestial que Ele é. Se todos aqui abrissem mão de suas vidas para serem tornados em um vaso de Deus cheio do Seu tesouro, certamente não seríamos tantos. 

Vamos retornar à nossa ilustração inicial. Antes que o creme pudesse ser colocado no vaso de barro, certamente ele deveria estar limpo. Assim Deus precisa limpar o orgulho e egoísmo dos vasos terrenos.

O vaso também precisa estar vazio. Não pode haver vestígios de vinagre, leite ou vinho nele, nada pode ser misturado ao creme. Quantos vasos terrenos estão cheios, mas não de pecados ou coisas desse tipo – me refiro à coisas lícitas, coisas boas. Sim, o bom também precisa sair junto com o pecado – me refiro às coisas que ninguém pode afirmar que são malignas – caso contrário não haverá espaço para o tesouro celestial. O amor do pai, mãe, irmã e irmão precisam ser entregues à Deus para ser cheios com o amor de Cristo.

O vaso também precisa ser rebaixado. Quanto mais baixo ele estiver, mais fácil é ser cheio. Alguns vasos estão vazios, limpos, mas não são humildes o suficiente. Eles não colocam a boca no pó, e por isso o Senhor não pode enchê-los [Lm 3:29, Jó 42:6]. Oh, vamos orar: “mais para baixo, mais baixo, ainda mais baixo, Senhor… nada, nada, nada, que Deus somente possa ser exaltado”. 

JESSIE PENN LEWIS

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