Cristo é o Nosso Alvo

 


Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo. (Fp 3:7-8)



Paulo era um homem muito bem preparado no judaísmo. Foi educado aos pés de um grande sábio chamado Gamaliel. Por ser muito sincero e devotado a sua religião, era um zeloso cumpridor de toda a lei, a ponto dele mesmo declarar: quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Filipenses 3:6b. Logo, na sua compreensão, amava profundamente a Deus a ponto de perseguir violentamente a todos os que ousavam se levantar contra o judaísmo. Em sua ignorância, se orgulhava em ser perseguidor da Igreja.

No entanto, o texto em destaque nos revela que algo aconteceu com este apóstolo. O que

levou Paulo a fazer tão surpreendente confissão? Para respondermos esta questão precisamos examinar o texto de Atos 9:3-5: Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. O poderoso Saulo de Tarso, tomado pelo ódio em seu coração, estava se dirigindo a Damasco com o intuito de prender a todos aqueles que eram do Caminho. Contudo, algo inusitado aconteceu, pois enquanto caminhava uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Esta experiência é muito importante e precisa ser examinada. O verbo cair, aqui utilizado, tem um sentido muito profundo, pois significa: cair como morto, como um cadáver, e sem possibilidade alguma de se levantar. Todo

aquele que ganha a visão de Cristo cai por terra, e nunca mais será o mesmo.

Outra observação que fazemos é com respeito à resposta dada pelo Senhor a Saulo - Eu

Sou Jesus, a quem tu persegues. Para este homem, Jesus não passava de um defunto, e a sua perseguição visava exterminar o restante dos seguidores deste impostor. Porém, naquele momento, duas verdades se aclararam no coração de Saulo. 

A primeira é que, perseguir a Igreja é o mesmo que perseguir a Jesus, isto porque, todo nascido de novo tem Cristo vivendo no seu interior. E a segunda envolve algo incrível, pois quando o Senhor declarou - Eu Sou Jesus - Saulo, que era um profundo conhecedor das Escrituras, por certo se lembrou do texto de Êxodo 20:2a, onde está escrito: Eu Sou o Senhor, teu Deus. A expressão ‘Eu Sou’ falou profundamente no íntimo de Saulo.

Diante de tão grande revelação, o que deve ter passado no coração daquele perseguidor!

Talvez uma onda de terror tenha invadido todo o seu ser, pois Saulo percebeu que estava diante do Deus da Aliança, o Deus todo poderoso, o criador do universo, o Eu Sou o que Sou. Este encontro pessoal mudou radicalmente a vida de Saulo. Doravante ele seria conhecido pelo nome de Paulo, o apóstolo. A visão na estrada de Damasco foi decisiva e passou a nortear todo o ministério de Paulo. Certa feita, prestes a ser enviado como prisioneiro para Roma, Paulo deu o seguinte testemunho diante de um rei: Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial. (Atos 26:19).

Com a visão celestial, Paulo ganhou luz para compreender que toda a sua religiosidade era vazia, e, não somente vazia, era totalmente imprestável. Por isso, então, Paulo considerou todas as coisas adquiridas na sua religião como refugo. A somatória de tudo o que Paulo

havia conseguido fez dele apenas um homem obcecado pela religião. Pelo lado positivo, Paulo ganhou a mais sublime de todas as revelações - a plena suficiência da pessoa de Cristo Jesus.

Quando não há luz espiritual não temos direção e ficamos imersos em trevas. Visão espiritual é a revelação do próprio Cristo no nosso espírito. Enfatizo que a obra de Deus

é produzida unicamente pela luz. Podemos ser extremamente  honestos e dedicados no serviço do Senhor, mas sem esta revelação, o máximo que podemos conseguir é um título de fariseu, ou a fama de um "evangélico" liberal. Sem a luz celestial, usaremos as Escrituras apenas para buscarmos ensinos morais, doutrinas e credos, ou seja, reduziremos a Palavra de Deus num simples livro de auto-ajuda ou de pesquisa de interesses pessoais. No entanto, as Escrituras têm como finalidade revelar uma Pessoa, Cristo Jesus.

Uma Igreja sem a visão de Cristo perde a sua função e sua forma de testemunho sobre a terra. Ela se torna apenas um centro religioso, cuidando apenas dos interesses humanos. Não importa quão rica e organizada ela seja, o quão beneficente possa ser, ou quão acolhedora se torne, sem a revelação de Cristo ela é apenas uma árvore sem sombra, um farol sem luz.

"Ninguém pode servir ao Senhor sem antes ganhar a visão de Cristo."

Sem a visão de Cristo o homem é guiado por ele mesmo e para ele mesmo. Pela falta de luz espiritual, o religioso estabelece a sua própria obra, constrói a sua própria igreja, e não a de Cristo. Ele age conforme melhor lhe parece.

Paulo fala de sua própria experiência antes de ganhar a revelação de Cristo em seu íntimo: Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas deveria eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno. (Atos 26:9). Notemos que Paulo agia conforme aquilo que ele achava melhor. Paulo era extremamente zeloso, porém, ter zelo sem revelação é o caminho certo para o farisaísmo e fanatismo. Ninguém pode servir ao Senhor sem antes ganhar a visão de Cristo. Nenhum homem pode realizar a obra de Deus, pois as obras que precisamos fazer já foram preparadas antes da fundação do mundo. O livro de Efésios 2:10 aponta: Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão

preparou para que andássemos nelas. O que cabe aos redimidos é serem cooperadores de Deus conforme está escrito em 1 Coríntios 3:9 e 2 Coríntios 6:1: “Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós. E nós, na qualidade de

cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus.”

O nosso conhecimento espiritual não é medido pela quantidade de informação bíblica que adquirimos, mas pela luz recebida em nosso espírito. A maturidade espiritual não tem nada a ver com a prática de liturgias ou tradições religiosas, ela é o resultado do crescimento de Cristo em nosso interior. O apóstolo da graça afirmou: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo.” (Filipenses 1:21a). Ele não disse: Para mim, o viver é ser como Cristo, ou para mim, o viver é imitar a Cristo. Ele disse claramente: Porquanto, para mim, o viver é Cristo. Cristo não deve ser visto como um padrão ou modelo a ser seguido. Ele veio a este mundo para ser a vida do regenerado.

É impossível para qualquer pessoa viver a vida cristã. Somente Cristo pode viver a sua vida

em nós, por esta causa a obra de Cristo na cruz é fundamental. Cristo, em sua morte, pôs fim à raça adâmica. Está revelado em 1 Coríntios 15:45: “Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante.” O texto nos fala do primeiro homem, Adão; e, do último Adão, Jesus. O Senhor Jesus veio a este mundo como o último Adão, e é evidente que depois do último não há mais ninguém. Em outras palavras, Cristo na cruz, sentenciou à morte toda a raça adâmica.

Podemos ainda dizer que, na cruz do Calvário, Deus desistiu de cada um de nós. Pelo lado

positivo, apontamos que Jesus Cristo ressuscitou como o segundo homem, 1 Coríntios 15:47, tornando-se assim, o cabeça de uma nova raça.

Jesus não veio a este mundo para nos ensinar como se deve viver a vida cristã. Ele

morreu numa cruz e ressuscitou para nos regenerar. E regeneração implica em substituição

de vida: a nossa pela de Cristo. Novo nascimento implica em dizer: “Estou crucificado com

Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora,

tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou

por mim.” (Gálatas 2:19b e 20).

Voltando ao nosso texto base, precisamos relembrar o que Paulo disse: Mas o que, para

mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. É notório que a visão que ele

ganhou em Damasco passou a governar todo o seu viver e ministério. É importante salientarmos que o apóstolo não disse: ...isto considerei perda pela causa de Cristo. Não é pela causa de Cristo, mas sim, por Cristo mesmo. Paulo não estava levantando uma nova bandeira religiosa para contrapor ao judaísmo, ele estava proclamando que Cristo era o seu tudo. O apóstolo simplesmente estava anunciando que toda a obra de Deus se

resume na pessoa de Cristo. Foi o próprio Senhor Jesus quem disse: “Dirigiram-se, pois, a Ele, perguntando: que faremos para realizar as obras de Deus? Respondeu-lhes Jesus: A

obra de Deus é esta: que creiais naquele que por Ele foi enviado.” (João 6:28-29). 

Deus deseja, no mais íntimo de seu coração, que conheçamos a seu Filho bendito. Ele

anseia ardentemente que o nosso alvo seja unicamente o seu Filho amado. Irmãos, estamos vivendo os últimos tempos, e Deus está trazendo ao seu povo a revelação de Cristo. O testemunho da Igreja será restaurado quando este Senhor, de fato, receber toda preeminência no meio do seu povo. Sem a luz celestial, jamais poderemos experimentar a realidade espiritual da Igreja. Que Deus, em sua graça, incline o nosso coração para

conhecermos o seu bendito Filho!


Tomaz Germanovix


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