A Vitória da Cruz

 


"Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos  o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado."

(1 Coríntios 2:1-2)


No testemunho de Deus, a cruz tem lugar preeminente. Isto significa que o propósito eterno do Altíssimo, concernente a Cristo e à igreja, pode-se realizar somente por meio da cruz. Se Cristo não tomasse o caminho da cruz jamais poderíamos conhecê-lo. É somente por meio da cruz que podemos ter comunhão com Aquele que tanto nos amou. As palavras do Senhor falam ao nosso coração: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos.” (João 15:13).

Nascemos neste mundo inimigos de Deus.

Fazemos parte de uma raça caída. Por sermos escravos do pecado, agimos sempre com interesses próprios.

Por causa da nossa inclinação natural ao pecado somos voltados para o eu, para a carne, para o diabo e às coisas deste mundo. O profeta maior fez o duro, porém o verdadeiro diagnóstico a respeito do homem: “Toda a cabeça está doente, e todo o coração, enfermo. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo.” (Isaías 1:5b:6).

Devido a esta realidade, o homem encontra-se escravizado em sua própria natureza corrompida. O livro de Jeremias 13:23 atesta este fato: “Pode, acaso, o Etiope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal.”

O apóstolo Paulo escreve com detalhes sobre os efeitos malignos do pecado: “Como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de

víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.”

(Romanos 3:10-18).

É absurdo pensarmos que o homem em seu estado de completa ruína pode se salvar, ou mesmo contribuir para a sua salvação. Os nossos pecados são a única e possível contribuição. É fato irremediável: “Nascemos neste mundo separados de Deus: E estando nós mortos em nossos delitos…” (Efésios 2:5a).

O único remédio capaz de livrar o homem da sua perdição foi providenciado antes da fundação do mundo. A cruz é o meio pelo qual Deus tratou com a rebelião humana. À parte da cruz, o homem não pode ser salvo do seu pecado. A cruz é uma realidade eternamente presente no coração de Deus. Nada havia sido criado ainda, mas a cruz já era um fato no seio da Trindade divina: “Mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós.” (1 Pedro 1:19-20).

A cura para a rebelião humana transcende o tempo e o espaço. A cruz é o instrumento divino para libertar o homem do seu pecado. O apóstolo da graça sabia muito bem disto quando escreveu: “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus.” (1 Coríntios 1:18).

Ainda que a palavra da cruz possa ser insensatez para muitos, ela é a porta de libertação para os que crêem.

As Escrituras sagradas registram: “Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação. Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.” (1 Coríntios 1:21-24).

Para chamar os seus escolhidos, Deus ordenou que anunciássemos uma mensagem louca aos olhos do mundo.

Somente aqueles que forem curados pelo poder da mensagem da cruz serão libertos do seu pecado. A salvação do homem não depende da habilidade do pregador na exposição da mensagem, mas unicamente da ação do Espírito Santo em revelar a palavra da cruz no coração do ouvinte. O apóstolo Paulo pergunta: “Onde está o sábio? Onde, o escriba?

Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?” (1 Coríntios 1:20).

Não existe a menor chance de reforma para a velha vida. O velho homem precisa ser aniquilado. É loucura tentar melhorar um homem portador de uma natureza adâmica. Precisamos passar pela porta estreita para sermos salvos. Que porta é esta? A cruz. Para sermos libertos, é necessário morrermos para nós mesmos, para o mundo e para o diabo. Foi isto que Paulo quis dizer quando escreveu: “Sabendo isto: que foi crucificado com Ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos.” (Romanos 6:6).

A cruz é o método de Deus para pôr fim ao homem pecador com sua vida egocêntrica e auto-suficiente. Só a cruz pode destronar o eu orgulhoso e amante do poder. A morte do Senhor Jesus Cristo foi todo-inclusiva, isto significa que quando Ele morreu, nós também morremos.

O livro de 2 Coríntios 5:14 aponta: Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. É na cruz que se encerra a nossa carreira de serviço ao pecado.

Por outro lado, ao colocar todos os homens em Cristo e fazê-los um com Ele em sua morte, Deus os fez um, também, por meio de sua vida. O que isto quer dizer? Na cruz, quando Cristo morreu, verdadeiramente nós também morremos, mas quando Cristo foi levantado dos mortos, pelo poder do Pai, nós também fomos emergidos para uma nova vida. Está escrito no livro de Romanos 6:5: Porque, se fomos unidos com Ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição.”

Portanto, o velho homem foi definitivamente destruído na cruz, em Cristo. O novo homem leva dentro de si a vida divina e celestial do Filho de Deus. Com toda autoridade Paulo afirmou: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.” (Gálatas 2:19b-20).

A cruz implica no fim do velho homem pecador, contudo ela envolve também o princípio

no qual todos os santos devem viver a nova vida como filhos de Deus. O poder operativo da cruz deve ser incorporado de modo radical em todo o nosso ser.

Somente o poder da cruz pode nos conduzir a uma dimensão prática e experimental da verdadeira Igreja de Cristo na terra. Os crucificados compartilham da mesma vida de Cristo e são membros uns dos outros. Não podemos nos considerar meramente indivíduos solitários e isolados neste mundo. Em Cristo, somos participantes da grande família de Deus. O apóstolo Pedro escreveu: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2:9).

Os santos são chamados a viver uma vida de comunhão e amor. Somente aqueles que passaram pela cruz podem desfrutar de uma vida de companheirismo e de interdependência. É pela cruz que podemos gozar da comunhão do Pai e de seu bendito Filho Jesus Cristo, por intermédio do Espírito Santo.

A cruz não somente acabou com o nosso velho homem, mas também introduziu em nós um

princípio pelo qual se manifesta a vida divina. Paulo escreveu: “Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo.” (2 Coríntios 4:10).

Para que a Igreja de Cristo seja edificada, é necessário que cada um dos santos se entregue, espontaneamente à morte em Cristo, para que outros recebem a vida. Nas palavras de Paulo: “Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida.” ( Coríntios 4:11-12).

A cruz não é simplesmente uma doutrina a ser ensinada. A cruz não é apenas mais uma mensagem a ser pregada. A cruz é poder. Ela é uma experiência, um fato em nossas vidas. Deus colocou nesta verdade toda a preeminência. Que Ele nos conceda graça para sempre anunciarmos a vitória da cruz. Amém!


(Tomaz Germanovix)


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