Riquezas Falsas e Verdadeiras - Parte 03

 


Mordomia Cristã: Uma Breve Consideração 


Chamou dez servos seus, confiou-lhes dez minas e disse-lhes: Negociai até que eu volte.

(Lucas 19:13)


Esse é um tema muito importante. Temos convicção de que estamos tratando com uma questão delicada, porém necessária, e que a mesma não pode ser compreendida apenas intelectualmente ou com a sabedoria humana (1 Co 1:21). Precisamos não somente de luz espiritual para discernimento espiritual (cf. Sl 36:9), mas também de um profundo desejo que a Palavra de Deus, que é viva e eficaz penetre e perscrute o mais íntimo do nosso ser e transforme nossas vidas conforme a vontade do Senhor. Que o Senhor prevaleça em tudo! Que tudo redunde para Sua glória. Amém!

Não poderemos abordar esse tema de modo mais amplo por falta de tempo e espaço devido os seus vários aspectos. Faremos um breve resumo bem sintético. Por exemplo, a mordomia cristã pode ser fragmentada em várias facetas: Mordomia do corpo (1 Co 6:19-20; 2 Co 5:10), da língua (Mt 12:36), do tempo (Ef 5:15-16), dos bens (Mt 25:14) etc…   

Aqui, estaremos focando mais propriamente sobre a procedência, definição e responsabilidade da mordomia em relação às posses obtidas. 

As dez minas confiadas aos dez servos - conforme nosso texto base - visam uma prova da fidelidade. A fidelidade de cada um determinará sua porção, ou, em outras palavras, a recompensa, que receberão no reino vindouro.

“O Senhor é honrado quando Ele encontra fidelidade e diligência na administração dos bens que nos foram confiados.”²

“Disse-lhe o Senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.” (Mt 25:21)

Porém, “a má mordomia resulta em nada menos do que reter de Deus aquilo que lhe pertence.”**(ver Mt 25:24-28)

“Os dons de Deus multiplicam-se se os utilizarmos, pois transformam nossas vidas, de tal maneira que ficamos em condições de receber muito mais da plenitude que nos

oferece o Senhor. O amor gera mais amor, a fé gera mais fé, a obediência à Palavra de Deus produz uma fonte de virtude que vai influenciando nosso ambiente (2 Pe 1:3-7).” (R.Shedd)

A mordomia dos bens “é o reconhecimento da soberania de Deus, a aceitação do nosso cargo de depositários da vida e das possessões e a administração das mesmas de acordo com a vontade de Deus.” Sim, “a verdadeira mordomia começa com o reconhecimento de que tudo pertence a Deus (cf. Salmo 24:1) e também a consciência de que nada levaremos deste mundo (cf. 1 Tm 6:7).² Ó, que o Senhor abra nossos olhos! 

O que é um mordomo? No grego (Lc 16:1), a palavra mordomo é ‘oikonomos’: oikos (casa) e nomos (governo). Portanto, ‘mordomo’ é aquele que dirige a casa, o administrador. “A base da boa administração é o reconhecimento de que tudo provém de Deus e que a Ele devemos confiar todas as coisas e para Ele devemos usá-las.”³

Numa ocasião, o irmão Richard Foster disse que devíamos carimbar tudo o que temos com o seguinte lembrete: “Dado por Deus, prioridade de Deus, para ser usado para os propósitos de Deus.” Ora, porventura, não é o Senhor, o grande proprietário de tudo, e dele suas terras e seus servos, seus direitos e sofrimentos?

“A terra e tudo que nela há são do SENHOR; o mundo e todos os seus habitantes lhe pertencem.” (Sl 24:1) 

“A verdade fundamental da mordomia é que tudo o que tocamos pertence a Deus.”*

Quando fomos regenerados pelo Espírito do Senhor e fomos transportados do império das trevas para o reino do Filho do amor do Pai (cf. Cl 1:13), a partir de então não pertencemos mais a nós, bem como tudo o que temos. Cristo deve ser santificado como Senhor no coração de todo regenerado (1 Pe 3:15). 

Isto equivale, na verdade, à fidelidade a Cristo como o soberano Senhor e a entrega do nosso coração a Ele, tendo tudo o mais consagrado a Ele. (ver Pv 23:26) 

Cristo é o herdeiro de todas as coisas constituído por Deus Pai (Hb 1:2), por conseguinte, os homens são mordomos, não possuidores. (Lc 19:13)

Foi sob esse enfoque que nosso querido irmão expressou-se: “Nós deveríamos aprender a viver como peregrinos, não tendo nada. E, se você tiver, não possuindo nada”.¹ 

Concluiremos com uma exortação oportuna do apóstolo Paulo para a igreja: 

“Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa. O que realmente eu quero é que estejais livres de preocupações…” (1 Co 7.29-31)


Somente a Deus seja a glória!


(¹César Coneglian; ²G.Gonçalvez; ³Anônimo.*J. Blanchard;**Frank Gabelein



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