O Impacto da Graça Eficaz na Alma: Salvação Radical
O homem natural é um deus para si mesmo; além disso, possui muitos outros deuses. Quer seja a justiça própria,
o agradar a si mesmo, o mundo, as riquezas, a família, em qualquer forma que tudo isso apareça, “outros senhores
têm exercido domínio sobre ele”, exceto o Deus vivo e verdadeiro. A mente humana possui tal natureza que deve
amar e adorar algum objeto. Em seu estado de inocência, a criatura tinha o Senhor como seu único objeto de amor
e adoração. Caídos desse estado de afeição simples e suprema, mediante a promessa do tentador (a promessa de
que, se comessem do fruto da árvore proibida, seriam como Deus — Gn 3.5), lançaram fora, num momento, sua
dedicação ao Senhor, rejeitaram-No como objeto de seu amor supremo, como o centro de suas afeições mais
santas e tornaram-se deuses para si mesmos. O templo foi arruinado, o altar, derrubado, a chama pura, apagada.
Deus afastou-se, e “outros senhores” entraram e tomaram posse da alma do ser humano.
*Mas, que admirável mudança a graça produz!* Ela repara o templo, reconstrói o altar, reacende a chama e traz a
Deus de volta ao homem! Deus em Cristo é agora o principal objeto do amor, da adoração e do culto do homem.
O ídolo do eu foi subjugado, a justiça própria, renunciada, a auto-exaltação, crucificada. O “valente, bem armado”
entrou, expulsou o usurpador e, “fazendo novas todas as coisas”, recuperou a supremacia que, por direito, era dEle
mesmo. As afeições, livres de sua falsa deidade e renovadas pelo Espírito, agora voltam-se para Deus e descansam
nEle. Deus em Cristo! Quão glorioso Ele se mostra agora! De fato, a alma é levada a conhecer e amar um novo
Deus. Ela nunca tinha visto em Deus tanta beleza, excelência e bem-aventurança como vê agora. Qualquer outra
glória fenece e morre perante a insuperável glória do caráter, dos atributos, da autoridade e da lei de Deus. Agora,
a alma se vê reconciliada com Deus, em Cristo; a inimizade cessa, o ódio desaparece, a hostilidade abandona suas
armas, bem como os pensamentos injustos sobre a lei dEle; findam-se os sentimentos rebeldes contra a autoridade
de Deus, e o amor surge na alma. E, no precioso Cristo, o único Mediador, Deus e o pecador se encontram,
recebem um ao outro e passam a viver em harmonia. Verdadeiramente, eles se tornam um. Deus diz à alma:
“Tu és minha”. Esta responde: “Tu és o meu Deus — outros deuses tiveram domínio sobre mim, mas, daqui por
diante, servirei somente a Ti, amarei somente a Ti . ‘A minha alma apega-se a ti; a tua destra me ampara’ (Sl 63.8).
‘Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para
contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo’ (Sl 27.4)”.
(Octavius Winslow)
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