Um Servo Fiel a Cristo e a Sua Cruz
O título acima, penso, foi apropriadamente atribuído a um servo do Senhor chamado Theodore Austins-Sparks (1888 - 1971), conforme um de seus biógrafos. Supostamente, isso é um ponto pacífico entre a maioria dos irmãos e irmãs que o conheceram e levaram/levam a sério o cultivo da “vida interior” como realidade indispensável para o crescimento espiritual, vida cristã normal e edificação do Corpo de Cristo para o testemunho e expressão do Senhor. Mas penso que também o título em questão deveria ser considerado seriamente por cada regenerado como alvo supremo para que pudesse ser atribuído a cada um deles em realidade, pois isso está revelado na Palavra do Senhor como sendo a Sua vontade para cada membro de Sua igreja gloriosa, e não limitado a alguns poucos apenas. O chamado à devoção a Cristo é individual e coletivo, indispensavelmente (cf. Lc 9:23; Ef 4:13). A fidelidade a Cristo e a Sua cruz deveria ser nossa aspiração contínua, visto que o Senhor busca Seu testemunho e expressão entre o Seu povo redimido. Tomando-se o pressuposto de que haja harmonia até aqui no que foi expresso acima, selecionamos alguns exemplos de testemunho sobre, e atribuídos ao irmão Sparks, para nossa apreciação, pois somos admoestados na Palavra a jamais nos esquecermos daqueles líderes fieis que transmitiram a Palavra de Deus, lembrando-nos do resultado da vida que tiveram e imitar-lhes a fé (cf. Hb 13:7).
1 - Como primeiro exemplo, destacamos que um de seus biógrafos escreveu acerca dele que sua caminhada com o Senhor iniciou-se aos seus dezessete anos de idade e assim começou-se uma vida de pregação do Evangelho que durou ao longo de 65 anos. Isso sugere-nos uma vida rendida e devotada ao Senhor para o serviço do Seu reino.
2 - Sparks lia muito, em seu desejo de ter algum entendimento espiritual, e, acima de tudo, estudava a Bíblia, sempre buscando ardentemente os tesouros novos e velhos que nela podem ser encontrados por aqueles que são instruídos no reino dos céus.
3 - Em busca de realidade espiritual. Mas, apesar de T. Austin-Sparks ser um conferencista nacionalmente conhecido e requisitado, e apesar de ser um jovem com tanto futuro, ele sentia uma terrível pobreza em sua vida. Ele sentia que estava proclamando coisas que, na realidade, não eram experiências suas. Ele não tinha dúvidas de que era nascido de novo, de que Deus o havia salvado, de que ele era justificado, de que o Espírito Santo era realmente o Espírito de Deus, de que Cristo era o Ungido, mas sentia que estava pregando coisas que ele mesmo não experimentava. Sentia que profetizava muito, mas possuía muito pouco.
Por natureza, Sparks era alguém que se entregava completamente ao que cria, nunca se contentando com uma posição intermediária. Por isso, gradualmente uma tremenda tensão foi se criando dentro dele. Ele começou a se sentir um fracasso, pois o que lia na Bíblia não era, para ele, uma experiência própria.
Certo dia, então, disse à sua esposa: "Eu vou para meu estudo; não quero que ninguém me interrompa. Não importa o que aconteça, eu não sairei daquele quarto até que tenha decidido qual caminho vou tomar". Ele sentia imensamente a necessidade de que o Senhor o encontrasse de forma nova, ou cria que não poderia mais continuar seu ministério. Havia chegado ao final de si mesmo.
Fechado naquele quarto, ele passou a maior parte do dia quieto diante do Senhor, e então começou a ler a Carta aos Romanos. Nada aconteceu. Ele a conhecia muito bem, pois a havia ensinado tantas vezes e dava esboços dessa porção das Escrituras. Nada de novo ela lhe apresentava, até que ele chegou ao capítulo 6. Ele mesmo disse: "Foi como se o céu tivesse se aberto, e luz brilhou em meu coração". Pela primeira vez ele compreendeu que havia sido crucificado com Cristo e que o Espírito Santo estava nele e sobre ele para reproduzir a natureza de Cristo. Isso revolucionou completamente a vida de Sparks. Quando saiu daquele quarto, ele era um homem transformado. A partir daquele momento, ele começou realmente a pregar a Cristo, começou a magnificar o Senhor Jesus.
Logo começou a ensinar o que chamava de "o caminho da cruz", dando grande ênfase à necessidade da operação interior da cruz na vida do crente. Ele pregava o Evangelho de uma plena salvação por meio de uma fé simples no sacrifício de Cristo e enfatizava que o homem que conhece a purificação pelo sangue de Jesus deve também permitir que a mesma cruz opere nas profundezas de sua alma para libertá-lo de si mesmo e levá-lo a um caminho menos carnal e mais espiritual com Deus. Ele mesmo havia passado por uma crise e aceito o veredicto da cruz sobre sua velha natureza, percebendo que essa crise fora a introdução para um desfrutar completamente novo da vida de Cristo, tão grandioso que ele só conseguia descrevê-lo como "um céu aberto".
[...]
(Uma consideração sobre T. A. Sparks)
Comentários
Postar um comentário