O TESTEMUNHO DA PESSOA NA PALAVRA
_O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida… o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo_. (1 João 1:1;3)
Jesus Cristo não apenas deu origem ao Evangelho e o proclamou por meio de Suas obras e palavras, mas ensinou que Ele era sua encarnação. _Eu sou a ressurreição e a vida_, (Jo 11:25), foram Suas palavras. Os apóstolos O descreveram posteriormente como “ _nossa paz_” (Ef 2:14), “ _nossa vida_” (Cl 3:4) e “ _esperança da glória_” (Cl 1:27).
_O Senhor Jesus se tornou da parte de Deus para nós em sabedoria, justiça, e santificação e redenção_ (1Co 1:30). Aqueles que são salvos, se tornam participantes de Sua Pessoa (Hb 3:14), não somente de Seus dons, ainda que o dom da graça e da glória sejam inefáveis.
Uma característica distintiva do Cristianismo é que o fundamento de salvação não é estabelecido sobre a adoção de opiniões e hábitos específicos, mas sobre um relacionamento vivo com uma Pessoa viva.
O crente não é o homem que simplesmente sustenta a doutrina da Trindade ou da justificação pela fé, mas é a pessoa que veio até Cristo e nEle permanece. Todas as questões doutrinárias advêm desse relacionamento previamente estabelecido, fato esse que pode ser visto nos escritos dos quatro evangelistas.
Os registros dos evangelistas não nos apresentam um esquema doutrinário a respeito da natureza de Cristo, ou daquilo que Ele fez. Os evangelhos nos apresentam a manifestação do Senhor Jesus aos homens, para conquistar nossa confiança e estabelecer nossa fé. Os homens aprenderam a conhecê-Lo e confiar nEle antes de compreender plenamente Quem Ele era e o que Ele fez.
A fé que é concedida nos evangelhos se apoia em um Salvador vivo, apesar de pouco ainda compreender sobre métodos ou até mesmo a natureza dessa salvação. Assim, o Novo Testamento nos concede em suas primeiras quatro lições [nos evangelhos] que a natureza essencial e original da fé não se apoia na aceitação de verdades reveladas, mas na confiança depositada na Pessoa ali apresentada.
O Senhor descreve o filho da nova aliança como “ _aquele que vem a mim_” e “ _o que crê em mim_” (Jo 6:35). A pessoa que foi à Cristo é capacitada, então, a compreender mais da doutrina mais adiante.
A fé que vemos nos evangelhos não resulta, em primeiro lugar, dos milagres que a justificaram e sustentaram, mas partiu da impressão causada pela Pessoa manifestada, e que apelou à consciência e ao espírito no homem.
A maioria dos primeiros discípulos creram antes mesmo de presenciar qualquer milagre do Senhor Jesus. A fé baseada em milagres era considerada um erro: _Se, porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis_. (Jo 4:48).
Milagres foram apenas fruto da condescendência Divina com a nossa limitada sensibilidade espiritual, quando a simples palavra “ _crede… em mim_” [Jo 14:1] foi então mudada para _crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras_ (Jo 14:11). Apesar dos milagres terem um papel importante e necessário nos evangelhos, o Próprio Senhor é a Sua evidência. Ele ganha mais da nossa confiança, amor e adoração PELO QUE ELE É do que pelo que Ele faz.
Thomas D. Bernard (1815–1904)
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