A OBEDIÊNCIA DE CRISTO
"O poder supremo, a força mestre de toda sua vida, era a obediência”
*Em Cristo, essa obediência era um princípio de vida.* A obediência para ele não era um ato individual de obediência de vez em quando, nem mesmo uma série de atos, mas o espírito de toda sua vida. _Eu não vim para fazer a minha vontade_. _Eis que venho para fazer a tua vontade, ó Deus_. Ele veio ao mundo com um único propósito. Ele vivia somente para fazer a vontade de Deus. O poder supremo, a força mestre de toda sua vida, era a obediência.
Ele deseja produzir o mesmo em nós. Foi isso que prometeu quando disse: _Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está no céu, este é meu irmão e irmã e mãe_.
O vínculo dentro de uma família é a vida comum compartilhada por todos e uma semelhança familiar. O elo entre Cristo e nós é que ele e nós juntos fazemos a vontade de Deus.
*Em Cristo, essa obediência era uma alegria.* _Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus_._Minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou_.
Nossa comida é refrigério e revigoramento. O homem saudável come seu pão com alegria. Mas comida é mais do que prazer – é uma necessidade vital. Da mesma forma, fazer a vontade de Deus era a comida da qual Cristo sentia fome e sem a qual ele não podia viver. Era a única coisa que satisfazia sua fome, que o refrescava, o fortalecia e o tornava feliz.
*Em Cristo, essa obediência levava a uma espera pela vontade de Deus.* Deus não revelou toda a sua vontade a Cristo de uma só vez e, sim, dia a dia, de acordo com as circunstâncias da ocasião. Na sua vida de obediência, havia crescimento e progresso; a lição mais difícil veio por último. Cada ato de obediência o preparava para a nova descoberta do próximo comando de Deus. Ele disse: _Tu abriste os meus ouvidos; alegro-me em fazer a tua vontade, ó Deus_.
É quando a obediência se torna a paixão da nossa vida que nossos ouvidos serão abertos pelo Espírito de Deus para aguardar os seus ensinamentos, e não nos contentaremos com nada menos que uma orientação divina para nos conduzir à vontade de Deus para nós.
*Em Cristo, essa obediência foi até a morte.* Quando ele disse: _Eu não vim para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou_, ele estava pronto para ir às últimas consequências para negar a sua própria vontade e fazer a vontade do Pai. Ele não estava brincando. _Em nada a minha vontade; a todo custo a vontade de Deus_.
Esta é a obediência para a qual ele nos convida e nos capacita. Essa entrega de coração à obediência em tudo é a única verdadeira obediência, a única força capaz de nos levar à vitória. Quem dera que os cristãos compreendessem que nada menos do que isso é o que traz alegria e força para a alma!
*Em Cristo, essa obediência nascia da mais profunda humildade.* _Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que esvaziou-se a si mesmo… que tomou a forma de servo… que humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte_.
Ao homem que está disposto a se esvaziar por completo, a se tornar e a viver como servo,_um servo obediente_, a se humilhar profundamente diante de Deus e dos homens – é para este homem que a obediência de Jesus descortinará toda sua beleza celestial e seu poder constrangedor.
Pode ser que haja em nós uma vontade muito forte que secretamente confia em si mesmo e que falha nos seus esforços para obedecer. É quando caímos cada vez mais baixo diante de Deus em humildade, em mansidão, em paciência, em total resignação à sua vontade, dispostos a nos curvar em absoluta incapacidade e dependência dele, que nos será revelado que a única obrigação e bênção de uma criatura é obedecer a este glorioso Deus!
*Em Cristo, essa obediência provinha da fé* – em total dependência da força de Deus. _Eu não faço nada por mim mesmo_._O Pai que está em mim é quem faz as obras_.
A resposta à entrega sem reservas do Filho à vontade do Pai foi a concessão ininterrupta e irrestrita pelo Pai de todo o seu poder para operar nele.
Assim também será conosco. Se aprendermos que a proporção em que desistirmos da nossa própria vontade será sempre a mesma medida da concessão do seu poder a nós, veremos que uma rendição à obediência total nada mais é que uma fé completa de que Deus haverá de operar tudo em nós.
Vamos fixar a nossa atenção em Cristo, examinando-o como servo obediente e confiando nele como nunca antes. Seja este o Cristo que recebemos e amamos, e com quem procuramos nos parecer. Como a sua justiça é a nossa esperança, deixemos que a sua obediência seja nosso único desejo. Que nossa fé nele, com sinceridade e confiança no poder sobrenatural de Deus operando em nós, aceite Cristo, o obediente, verdadeiramente como nossa vida, aquele que habita em nós.
Extraído de “The School of Obedience” (A Escola da Obediência), de Andrew Murray (1828-1917)
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