VÃO INDO DE FORÇA EM FORÇA

 “Vão indo de força em força” (Salmo 84:7).

Esse lindo Salmo descreve o “Progresso do Peregrino” pelo vale de Baca. Essa é a história de uma vida de confiança, cuja base está registrada nos versos quinto e décimo segundo do Salmo: “Ó Senhor dos Exércitos, feliz o homem que em ti confia” (vv.12). “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti” (vv.5). Para ele, o vale de Baca, o vale de lágrimas, se torna uma fonte de águas vivas, e cada lugar baixo e árido se torna uma cisterna que será cheia com o derramar abundante da chuva dos céus. Bebendo dessas águas vivas, os peregrinos vão “de força em força”, e todos finalmente chegarão ao seu lar – “cada um deles aparece diante de Deus em Sião”.

“De força em força!”. Temos, entretanto, um capítulo prévio, da fraqueza para a força. Isso porque o homem é naturalmente a criatura mais fraca do universo. Ele inicia sua vida com o choro de um bebê indefeso, mais fraco que o filhote do tigre ou do pássaro no seu ninho. Mas sua fraqueza física é apenas uma figura da sua impotência espiritual. “Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5:6). Entretanto, na conversão da alma, a graça de Deus lhe dá o primeiro sopro de força espiritual, capacitando-o para escolher e obedecer ao Senhor, para deixar o pecado e caminhar em plena obediência. Então, ele canta uma nova canção: “Graças te dou, ó Senhor, porque, ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolas. Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação” (Is 12:1,2).

A confiança e amor daqueles que acabaram de nascer de novo é muito forte; tanto no seu propósito, como na sua alegria e santo entusiasmo. Parece verdadeiramente que eles nunca poderiam ser tentados a duvidar ou desobedecer, e, como Pedro, eles estão prontos a declarar: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei” (Mt 26:35). Então, Deus nos encontra nesse plano e nos ajuda com Sua força, apesar dEle ter algo muito melhor para nós mais adiante. Falando com esse coração, em Isaías 41:9, Ele diz: “Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei”. Essa é a experiência da alma que acaba de conhecer a Deus. Então Ele acrescenta: “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (vs 10).

Essas três expressões descrevem as três experiências bem distintas do início da nossa vida Cristã. A primeira aparece quando começamos a ver que nossa força não é suficiente e então clamamos para que Deus nos fortaleça, e Ele o faz. É o velho tipo de força, mas Ele nos concede mais dela. No entanto, logo essa força não mais será suficiente e, como ainda afundamos, Ele vem e concede ajuda à nossa força. “Eu te ajudo”, Ele diz. Agora temos o coração fortalecido pelo Forte Senhor. Mas ainda temos a percepção de estarmos à frente das coisas, não o Senhor. É como se fosse a nossa batalha, e Ele simplesmente nos consolida com Seu auxílio.

Logo surge uma maior crise. Essa força não será mais suficiente, afundamos no conflito e estamos prontos a entrar em colapso em completa exaustão, desencorajados. É nesse momento que o Poderoso Ajudador vem ao campo de batalha, tomando a luta para Si e em Suas próprias poderosas mãos. Assim, Ele nos ergue da nossa profundeza, como uma mãe faz com seu bebê, nos ordenando a não mais permanecermos dependendo de Sua ajuda, mas convida-nos a deixar que Ele nos tome em Seus braçosnos carregue com Sua própria força poderosa, dizendo: “Sim, Eu te sustento com a minha destra fiel”.

Isso é caminhar de força em força! De nossa própria força para uma força aumentada do Senhor até passarmos para a absoluta e completa suficiência concedida pelo Próprio Deus.

Com essa descrição do profeta, percebemos uma vívida imagem da súbita e completa mudança no campo de batalha e, olhando ao nosso redor, descobrimos que todos os nossos adversários já desapareceram diante da face do Senhor. Nosso poderoso Capitão assumiu a frente do campo de batalha, e “eis que envergonhados e confundidos serão todos os que estão indignados contra ti; serão reduzidos a nada, e os que contendem contigo perecerão. Aos que pelejam contra ti, buscá-los-ás, porém não os acharás; serão reduzidos a nada e a coisa de nenhum valor os que fazem guerra contra ti”.

No terceiro capitulo de Apocalipse vemos a pequena Igreja de Filadélfia passando por algo semelhante em sua experiência. “Tens pouca força”, diz o Mestre, “entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome” (Ap 3:8). Mas no versículo 10 encontramos uma poderosa força chegando para a fiel Filadélfia: “Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei”. É Deus quem nos guarda agora, não mais nós mesmos. No versículo 12 vemos o clímax: Aquele que tinha “pouca força”, agora se tornou numa coluna, com força suficiente para não apenas sustentar o seu próprio peso, mas também para suportar o edifício sob o qual ela permanece. Quando Filadélfia se torna uma coluna, sua própria individualidade desaparece. Ela então se identifica com o próprio Deus, porque Ele diz: “gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome”. Não se trata de força meramente humana, mas a força de Jeová.


FONTE: (A. B. Simpson, “Jesus Cristo, Ele mesmo!”).

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