Cristo - Anelo de Nossa Alma

 


"Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra."

(Salmos 73:25)


É da vontade de Deus que a Noiva de Cristo, a Igreja, tenha o seu desejo direcionado unicamente para Cristo. No entanto, quão pobre tem sido o nosso anseio pelo Noivo. Muitos de nós temos buscado muitas coisas, menos a intimidade do Cordeiro. Alguns pedem poder sobre o inimigo, outros buscam ansiosamente a realização de milagres. Outros ainda, desejam a aprovação divina para os seus próprios projetos. Todos estes querem de alguma forma, se aprofundar em conhecimento "espiritual" para resolverem os seus problemas pessoais. Infelizmente, Cristo tem cumprido simplesmente um papel de mero coadjuvante na experiência desses santos interesseiros.

A igreja foi tristemente transformada num centro religioso. As reuniões têm como finalidade o próprio homem e a realização de seus desejos egoístas. E o que falar da busca por notoriedade? Observe que este assunto não é novo, pois os próprios discípulos do Senhor revelaram qual era o verdadeiro interesse que havia em seus corações.

Está escrito em Lucas 22:24 e Marcos 10:37: Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia o maior. Responderam-lhe: Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda.

Muitas vezes, nos achamos em competição com os nossos próprios irmãos, sempre prontos para mostrar a nossa espiritualidade. Gostamos de expor o nosso conhecimento a respeito das coisas do Senhor e, secretamente, ou mesmo declaradamente, achamos que somos melhores do que os outros. É lógico que estas coisas acontecem de maneira muito sutil, pois normalmente vivemos escondidos atrás de nossos mantos de religiosidade. Esta é uma triste realidade que deve nos envergonhar e humilhar.

A verdade é que todas estas distorções no seio da igreja procedem de uma mesma causa. Todos nós temos um terrível e implacável inimigo e, de antemão digo que não estou me referindo ao diabo; o nosso maior inimigo é o nosso próprio eu. Porém, observemos o que as Escrituras afirmam: Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé do Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Gálatas 2:19à. e 20.

Por isso, devemos dar muitas graças a Deus pela obra de Cristo na Cruz, pois por intermédio dela, não somente todos os nossos pecados foram perdoados, mas também o nosso velho homem foi crucificado no corpo santo do Senhor. Lemos em Efésios 1:7 e Romanos 6:6: No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça. Sabendo isto: que foi crucificado com Ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos.

Para os nossos pecados, a solução foi o sangue de Cristo. Para o pecado, a solução foi a morte do nosso velho homem em Cristo. Para o nosso eu, a solução também foi a nossa crucificação em Cristo. No entanto, em relação ao nosso eu, a Palavra de Deus nos orienta que, diariamente devemos nos negar, tomar a nossa cruz e seguir ao Senhor. O livro de Lucas 9:23 aponta: Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Este é o caminho que todo regenerado deve trilhar: o caminho estreito da cruz.

Só poderemos experimentar a realidade espiritual da Igreja quando a cruz for o estilo de vida de cada santo. Não há outro caminho pelo qual possamos expressar Cristo que não seja o caminho da cruz. A nossa alma, verdadeiramente anelará por Cristo quando a cruz cumprir o seu papel em nós. Muitos cristãos se declaram adeptos e fiéis aos ensinos do Senhor, porém não O conhecem intimamente. Essas pessoas vivem distraídas com as coisas espirituais e, nessa distração, pensam estar seguindo ao Senhor, porém na realidade estão seguindo o seu próprio eu. Mas Jesus afirmou: E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. Lucas 14:27.

Não há possibilidade de seguirmos após Jesus com a nossa vida natural. Lembremos que o nosso eu já foi julgado na cruz.

Somente aqueles que não se pertencem mais poderão gozar da intimidade do Cordeiro: Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu

discípulo. Lucas 14:33.

No livro de Lucas 10:38-42, encontramos a história de duas irmãs, Marta e Maria: “Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.”

Atentemos para o fato de que Jesus não está contrastando serviço e adoração e dizendo que a adoração é melhor. Jesus está contrastando muitas coisas e uma só coisa. Neste episódio, encontramos a clara demonstração de alguém que anelava unicamente por Cristo. Enquanto Marta queria fazer muitas coisas pelo Senhor - observem como o eu de Marta estava bem presente - Maria havia escolhido a boa parte: estar aos pés do próprio Senhor, ou seja, Maria viu que a única coisa por que a sua alma anelava era uma pessoa, a gloriosa pessoa de Jesus. É muito comum entre nós o desejo de fazer muitas coisas para o Senhor. No entanto, é muito raro em nosso meio um anseio pelo próprio Senhor.

A obra do Espírito Santo visa revelar a pessoa bendita de Cristo. Está escrito em João 16:13-14: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.” Sem a luz dada pelo Espírito Santo, o máximo que conseguimos é assimilar mentalmente algumas informações a respeito de Cristo.

As Escrituras testificam: Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito

de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo. 1 Coríntios 12:3. Para conhecermos a Cristo precisamos de revelação do alto. Olhemos a experiência de Pedro: “Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.”

Mateus 16:16-17.

É interessante observar que logo após esta tão sublime revelação, Jesus dá uma ordem aos seus discípulos: “Então, advertiu os discípulos de que a ninguém dissessem ser Ele o Cristo.” Mateus 16:20. Depois de tão extraordinária revelação, Jesus proíbe os seus de falarem aos outros que Ele era o Cristo. Por quê? O Senhor não queria que aquela revelação de que Ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo se transformasse em uma simples informação doutrinária. Ele sabia que isto não produziria nada. Ninguém pode conhecer a Cristo em sua intimidade por freqüentar um curso de teologia, ou por ter muitas informações a respeito Dele. Sem a revelação do alto jamais poderemos conhecer a Cristo.

Crescimento espiritual não tem nada a ver com a quantidade de informação religiosa que possuímos, mas está relacionado com o crescer de Cristo em nós e o nosso diminuir. João, o Batista falou: Convém que Ele cresça e que eu diminua. João 3:30.O projeto do Pai celestial visa dar a Cristo Jesus toda a preeminência. O livro de Colossenses 1:19 aponta: Porque aprouve a Deus que, Nele, residisse toda a plenitude.

Irmãos, precisamos nos render ao tratamento da cruz para que sejamos libertos da tirania do nosso eu. O caminho da vitória traz a marca insubstituível da cruz. O apóstolo Paulo nos revela o fundamento de sua vida vitoriosa. Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida. 2 Coríntios 4:10-12.

A nossa oração é para que a Igreja seja despertada para a sua única necessidade: conhecer a pessoa bendita de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém!


Tomaz Germanovix


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