O homem natural banido
Quando chegamos ao fim da travessia do Jordão, Josué ordena que seja escolhido um homem representante de cada tribo de Israel, e que esses homens tomem doze pedras, colocando-as no leito do Jordão e deixando-as ali. Todo Israel, cada homem em Israel foi deixado no leito do Jordão. Assim é o homem aos olhos de Deus: uma pedra deixada no fundo do Jordão, deixada para trás. Aquilo que atravessa o Jordão e sai do outro lado é um testemunho de que algo foi deixado para trás, porque logo a seguir temos Gilgal. Algo havia sido deixado para trás. Não poderemos trazer isso para a terra, deve ser deixado no Jordão, não tem suporte aqui no céu. Este homem natural, esse conceito coríntio do homem, ficará ali, no fundo do Jordão, Deus deixou lá. As águas o cobriram e voltaram a correr, e ele está lá no fundo, enterrado para sempre. “E ali estão até ao dia de hoje” (Js 4.9). Esse é o caminho do alargamento.
Mas Deus precisa nos mostrar isso, e me parece que Gilgal foi a aplicação prática do princípio implícito naquelas pedras que ficaram no leito do rio. Aquelas pedras representavam a união do povo de Deus com Cristo em Sua morte e em Seu sepultamento – o homem natural que estava em evidência no deserto estava sendo tirado de vista. Gilgal toma essa verdade e a aplica perpetuamente. Colossenses 2.11,12 confirma isso. Precisaremos experimentar isso em nossa alma – em nossa carne –: a obra cortante da Cruz, a morte de Cristo.
Podemos crer em toda a doutrina de Romanos 6 e, ainda assim, é possível que estejamos vivendo de modo grandemente contrário a isso em nós mesmos. O céu não se comprometerá com a carne ou com a vida natural. Se estivermos ocupados com nós mesmos, falando sobre nós, sobre nosso trabalho, sobre como temos sido usados, e coisas assim, não estaremos nos valores plenos de um céu aberto. É tão fácil deslizar inconscientemente de dar glória a Deus para gloriar-se na própria obra ou em parte dela. Quando isso acontece, a atmosfera muda e as pessoas espiritualmente sensíveis sabem que algo aconteceu, que uma nuvem desceu.
O céu é tão transparente que nenhum vapor dessa Terra pode chegar lá, e a plenitude celestial demanda por transparência em nosso espírito.
- T. Austin-Sparks (Pioneiros no Caminho Celestial, extratos selecionados cap. 6)
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