Cristo, Nosso Santificador - Parte 02

 


“Senhor, ilumina os olhos do nosso coração para vermos; 

“Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz.” (Sl 36:9)”


Já consideramos anteriormente que a regeneração e a conversão, a moralidade e os nossos próprios esforços não constituem a santificação. Continuaremos ainda considerando três fatores no aspecto negativo antes de abordarmos o aspecto positivo da santificação. 


4. A santificação também não é operada pela morte. 

É muito estranho que alguém pense que pode haver uma influência santificadora na luta de passagem pela morte. E no entanto muitas pessoas abrigam essa ilusão durante muito tempo. Elas pensam que o suor frio daquela hora final, o latejar convulsivo do coração que pára, de algum modo as colocará nos braços do Santificador. Essa idéia procede, até certo ponto, da antiga tese de que o pecado se acha localizado no corpo, do velho ensino maniqueísta de que a carne é impura, e se pudéssemos nos livrar dela, o espírito que nela habita poderia estar liberto do pecado, e imediatamente se encontraria numa dimensão de total pureza. Mas a verdade é que não há pecado nestes nossos ossos, músculos e tendões. Se cortarmos nossa mão nem por isso teremos nos libertado de um pouco de pecado. E se perdermos as duas mãos, continuaremos sendo tão pecadores quanto antes. Se cortássemos nossa cabeça e perdêssemos a vida, ainda assim o pecado continuaria na alma. O pecado não está localizado no corpo; está ligado ao coração, à alma e à vontade. Se nos descartarmos deste corpo, vindo do pó, nosso espírito ainda continuará oferecendo resistência, a ser rebelde e pecaminoso. A morte não o tornará santo. Aliás, a morte é um péssimo momento para alguém se converter. E seria pior ainda para alguém se santificar. Eu não aconselharia a ninguém adiar sua salvação para a hora de sua morte, quando seu coração estará opresso, o cérebro anuviado, e a mente precisando de confiança, tranqüilidade e um senso de vitória, para que possa entrar na presença de Deus com plenitude de alegria. Também não é o melhor momento para aquela operação mais profunda do Espírito Santo. Devemos entrar na experiência da santificação bem lúcidos, com a mente bem alerta. Trata-se de um ato deliberado, que requer o exercício de todas as nossas faculdades, operando sob a influência orientadora do divino Espírito. 

5. A santificação não é auto-aperfeiçoamento. 

Nunca atingiremos um estágio de retidão em que não exista mais a possibilidade de pecarmos ou sermos tentados a pecar. Nunca chegaremos a um estado de perfeição onde não precisemos mais permanecer em Cristo. No instante que concluirmos que podemos viver sem ele, brotará em nós uma vida que nada tem de santificada. Talvez a razão pela qual Satanás e seus anjos decaíram de sua elevada posição seja que se tornaram conscientes de sua própria beleza, e assim o orgulho brotou em seu coração. Olharam para si mesmos e viram-se como deuses. No momento em que acharmos que somos fortes ou puros, aí começará nossa desintegração espiritual. Esta postura nos tornaria independentes dele, e consequentemente nos afastaria da vida de Cristo. Temos que ser instrumentos simples, vasos vazios, para que a vida dele permeie o nosso ser. Aí então a perfeição de Cristo nos será comunicada. E seremos cada vez menos nós mesmos, enquanto ele opera cada vez mais em nós. 

6. A santificação não é um estado emocional. Não é um êxtase, nem uma “sensação” espiritual. Ela se situa na vontade e no nosso objetivo de vida. É moldar, na prática, nossa vida e conduta à vontade e ao caráter de Deus. É nossa vontade fazendo opção por Deus. É o propósito de nosso coração rendendo-se a Ele, obedecendo-lhe e buscando agradá-lo. Em resumo, é amá-lo, tomar a deliberação de fazer sua santa vontade, e fazê-la. Quem tem essa atitude não pode deixar de ser feliz. Se alguém anseia por uma alegria meramente sensacional, ainda está vivendo uma vida egoísta, não santificada. Precisa abandonar esta forma de vida e receber a vida de Deus, para depois receber as bênçãos dele.¹ [...]

“Essa santificação deve ser pela fé, tanto quanto a justificação é pela fé. Ambas são recebidas na união com Cristo: a paz da justificação e o poder da santificação são encontradas na união permanente por meio do hábito permanente de fé.”²

*"Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação..."* (1 Ts 4:3)

“Nosso alvo deve ser um cristianismo que, como a seiva de uma árvore, corra por todo o tronco e folhas de nosso caráter, santificando tudo.”

(J.C.Ryle)

“O mistério da santificação significa que as qualidades perfeitas de Jesus me são concedidas como um presente, não gradual, mas instantaneamente no momento em que, pela fé, compreendo que Ele por mim se "...tornou, da parte de Deus [...] santificação...".

“Santificação é "...Cristo em vós..." (Colossenses 1:27)”

(Oswald Chambers)


[Prosseguiremos na parte 03]


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