A Disciplina Para o Reino

 “Se Deus não poupou o Seu próprio Filho, antes, por todos nós O entregou, porventura, não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?” (Romanos 8:32). 


Os caminhos do Senhor não mudam. Se Deus não poupou e não podia poupar Seu próprio Filho no Seu aperfeiçoamento e qualificação para o Reino, será que poderia ser diferente com os “muitos filhos”, com os quais Ele repartirá esse Reino, tornando-os Sua noiva? Hoje, quando o Senhor vê um coração focado na plena estatura de Cristo e na satisfação final do Seu coração, desejo e propósito, a este Ele não poupará. 


Mas, o que você está buscando hoje? Existem muitíssimos filhos de Deus que, como os irmãos de José estão buscando experiências atuais de prosperidade financeira, sucesso na profissão, curas milagrosas e imediatas, relacionamentos familiares felizes e sem choques, resultados rápidos na obra do Senhor, reuniões emocionais que dão muita satisfação à alma, respostas de oração rápidas e outras coisas mais. O que o Senhor pode esperar de tais filhos? Eles acham que isso é a vida cristã normal. O Senhor precisará esperar que tais coisas de criança desapareçam, antes que Ele possa começar o processo de preparação. 


Hoje, o Senhor está formando “Josés” para o Trono. A esses filhos Ele não poupará. Ele amou tanto a Seu Filho que não poderia poupá-Lo, a fim de que não ficasse aquém do lugar a Ele destinado pelo Pai. O amor do Senhor pelos Seus “vasos” e Sua necessidade deles para honra “para o dia de Seu poder”, O impelem a tratar sem reservas os Seus potenciais Josés. 


Precisamos entender isso: somente os filhos treinados, crescidos, maduros é que serão usados. Crianças espirituais não poderão administrar a Era Vindoura, o Reino Milenar. Está escrito: “Ai, ai, ó terra, quando o teu rei é uma criança” (Ec 10:16). Poderia Ele presentear Seu Filho com uma Noiva-Criança para se assentar no Trono com Ele? Que espécie de ajudadora, companheira e rainha ela seria? Para conseguir tais filhos crescidos, experimentados, disciplinados, maduros, treinados, plenamente preparados e altamente qualificados para aquele posto transcendente – reinar com Cristo no milênio – Deus não pode poupar Seus filhos. 


Isso é muito importante, porque precisamos entender que a adversidade não é designada para nos derrotar, mas precisamos aprender a usá-la.  Como você usa a adversidade? Naturalmente, devido aos elementos físicos e fundamentais em nossa disposição natural, nós evitamos a dor, o desconforto e o sofrimento. Às vezes gastamos horas de oração para afastar a adversidade, a grande serva. Fazemos tudo para evitar encontrá-la. Quando a encaramos, passamos um tempo dizendo a ela ou a Deus que não gostamos dela e ficamos pensando na causa de estarmos passando por aquilo. Entretanto, o sofrimento não é algo que deve ser argumentado, seria totalmente irracional fazermos isso. O sofrimento deve gerar uma utilidade. 


A tribulação é uma palavra que Deus usa com relação aos santos. A etimologia da palavra significa “debulhar, triturar”. O lavrador não debulha ervas daninhas; ele debulha o trigo dourado, para que o grão possa ser separado da palha e dos gravetos. Ele busca o grão e não um pouco de palha triturada. Não estou dizendo que a tribulação em si nos torna fortes ou nobres, e que ela em si mesma possua um poder transformador. Não! A adversidade em si mesma é neutra ou passiva; tudo depende de como nós a usamos. Um pode tomar uma atitude inativa e perder o benefício da provação; e a auto justificação tornará essa pessoa amarga e ressentida. Para as pessoas que não tem fé, sem a perspectiva do propósito de Deus, a adversidade produz toda a sorte de coisas prejudiciais e cruéis. Mas graças a Deus, existem pessoas maravilhosas que passaram por adversidades, e puderam ver por trás da máscara dessa serva. A adversidade pode te tornar mais amargo ou mais cheio de Cristo. 


Você busca o livramento ou amadurecimento (mais de Cristo em você)? Deixe que essa serva te sirva de uma forma que nenhuma outra pode. Não ore pedindo o livramento, mas que o Senhor possa te ensinar a usar essa estranha serva para edificar Cristo em você. Só assim seremos capacitados para cooperar com aqueles que estão ao nosso redor, “pois aquele que mais tem sofrido é o que mais tem para dar”. 


Alguns dizem para o Senhor: “não posso prosseguir se o Senhor não providenciar melhores condições para mim”. Tal espírito é uma recusa da graça e rejeição dos Seus sofrimentos: “A minha graça te basta”. 


O único caminho de saída da tribulação é para cima! O caminho da vitória está em ficar por cima do problema e não sair dele. Deve haver algo borbulhando dentro de nós que não é de nós mesmos, mas do próprio Senhor Jesus. Essa graça sobrenatural se manifesta na nossa fraqueza! Essa graça é suficiente, mas pode ou não ser experimentada. Isso depende de nossa reação e cooperação, no sentido de abrir mão de nós mesmos, dando lugar ao Senhor, dando espaço ao Senhor Jesus! 


Que possamos lembrar do antigo guerreiro do Velho Testamento, Calebe, um tipo dos vencedores. Ele foi um dos dois únicos que saiu do Egito, atravessou o deserto e entrou na terra prometida. Para ele, qualquer pedaço de terra não serviria, mas ansiava pelo melhor da terra: Hebrom! Um lugar que ele havia visto quando foi espiar a terra, experimentou seus frutos deliciosos, e ambicionou possuir plenamente, viver ali! Que possamos dizer: “Dá-me esta montanha!” (Js 14:12). “Não tire esse monte do caminho, dê-me a chance de dominá-lo, subjugá-lo e vencê-lo”. 


Baseado diversos extratos de textos de T.Austin-Sparks, Phil Jr e J. W. Foullette.


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