A vida que o primeiro Adão rejeitou

 


"Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz". (João 5:19)

Adão foi criado tendo em vista a filiação, mas para isso ele foi colocado sobre a base da fé e da dependência de Deus. Essa era a lei de sua vida, e seria por meio dela que ele chegaria à realização da filiação em seu sentido pleno.
Satanás sugeriu a Adão que ele poderia obter isso sozinho, se quisesse. Ele não precisaria ter isso a partir de Deus, nem ter que olhar para Deus o tempo todo.
Se Adão seguisse seu conselho, não haveria necessidade dessa servidão a Deus, mas ele poderia ser como Deus, ter tudo a partir de si mesmo, ser liberto da escravidão desta vida de dependência, fé e obediência.
Adão aceitou essa sugestão sem referência ou deferência a Deus.
A filiação foi perdida para Adão e sua raça.

O último Adão veio e aceitou essa vida de absoluta dependência do Pai, e de obediência ao Pai em total auto-esvaziamento.
"Ele se esvaziou... e tornou-se obediente"; Ele assimiu "a forma de servo" (Fp 2:6-8). Ele não tinha nada em Si mesmo, por Sua própria escolha: Ele o tinha no Pai; e assim a filiação foi estabelecida, realizada e expressa em plenitude no Senhor Jesus.

Nós, amados, somos chamados a essa base.

Não existe nada que opere mais contra o espírito de filiação - esse propósito de plenitude de Deus em nós - do que o orgulho, o orgulho que deseja ter as coisas a partir de nós mesmos.

O orgulho abomina uma vida de dependência.
O orgulho não suporta ter que buscar tudo fora de si mesmo.
O orgulho deseja ser a origem das coisas.

O Senhor Jesus, que tinha o lugar mais elevado na glória celestial, o título e nome maior e mais preeminente - todos os direitos estavam em Seu poder - aceitou a posição de cingir-se com uma toalha, colocar água em uma bacia e ajoelhar-se para lavar os pés de Seus discípulos.

Essa é a mente que estava em Cristo Jesus.
Isso é filiação.
Não é agradável para a carne, nem para nossa reputação, não apetece nossa educação; procuramos algo melhor.
Mas isso é filiação.
Essa é uma vida no Espírito.
Esse espírito será a marca, a marca distintiva do crescimento espiritual, da maturidade espiritual.

A pessoa que realmente está crescendo espiritualmente não é a pessoa que está se tornando importante espiritualmente.

Aquele que está crescendo é aquele que está crescendo cada vez mais no espírito servo-dependente. 
Aquele que pode descer mais baixo é aquele que realmente está subindo mais alto.

Essa é a natureza da filiação.
É algo que é exclusivamente de Deus, não de nós mesmos. Não podemos produzi-lo.

T. Austin-Sparks (The Fight of the Faith, cap 2).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PÉROLAS CRISTÃS

AUDIOBOOKS

MEDITAÇÕES