Cristo e a Sua Igreja
"Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo." (1 Pedro 2:4-5)
A Igreja que o Senhor Jesus está edificando é composta de pessoas que foram chamadas para fora deste mundo. Ela não é uma "coisa" que pode ser vista numa esfera natural. Não é uma construção, um templo ou qualquer tipo de "lugar" especial ou santificado. A natureza da Igreja de Jesus é essencialmente espiritual. E por ser espiritual em sua natureza, ela é também celestial. O livro de Mateus 16:18 atesta que a Igreja tem um único edificador que é Cristo: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
Há muita confusão em relação a este assunto, pois aquilo que se chama de igreja hoje em dia não passa de uma construção fria e sem vida. A Igreja que Jesus está edificando é formada de reais pedras vivas, ou seja, de pessoas que foram regeneradas. Todo aquele que confessa de todo o coração: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” Gálatas 2:20a, é uma pedra viva, consequentemente faz parte da Igreja de Cristo.
O apóstolo Pedro aponta que o Senhor Jesus está construindo uma casa espiritual composta de pedras vivas, e não uma casa terrena formada por um rol de membros.
Portanto, jamais compreenderemos a realidade espiritual da Igreja, se tentarmos defini-la em termos naturais ou terrenos. Precisamos de luz vinda do alto para ganharmos
revelação sobre este assunto.
A Igreja não é uma criação humana, uma organização ou um sistema terreno, ela teve a sua origem no próprio Senhor Jesus. Nenhuma sabedoria deste mundo pode discernir a Igreja, pois se trata de uma realidade espiritual. Assim como o novo nascimento, a Igreja jamais poderá ser compreendida a partir do raciocínio carnal.
Somente o Espírito Santo pode nos dar a visão correta da Igreja que Jesus está edificando.
No livro de 1 Coríntios 12:12-13 está escrito: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito”. Nesta passagem, observamos que a Igreja é a expressão do corpo de Cristo. Dizendo de outro modo, a Igreja nada mais é do que a expressão do Cristo coletivo. Todos aqueles que foram aceitos pelo Senhor, fazem parte da Igreja de Cristo. O livro de Colossenses 1:18a, aponta que Cristo é a cabeça da sua Igreja: Ele é a cabeça do corpo, da Igreja.
A Igreja é o resultado da união vital entre Cristo e todos aqueles que foram salvos. Isto significa que a Igreja é o corpo de Cristo, e ela tem como único propósito manifestar
da vida de Cristo. A Igreja estará em profundas trevas quando não expressar a vida de Cristo. Uma "igreja" que não expressa a vida de Cristo pode ser tudo, organização religiosa,
missão, denominação, entidade social, mas, jamais, poderá ser considerada como a Igreja que Jesus está edificando. O único material que pode ser usado para a edificação da Igreja
é o próprio Cristo, pois a vida da Igreja é a vida de Cristo.
No evangelho de João 15:1 e 5 está escrito: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” O Senhor Jesus nos ensina nesta
passagem, que há uma perfeita união entre a videira e os seus ramos. Isto aponta para uma realidade espiritual: a união vital entre Cristo e a sua Igreja. A Igreja está ligada a Cristo em essência, em Espírito, e ambos compartilham da mesma vida.
No entanto, há uma advertência que está registrada no verso 2: “Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta, e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda.” Nenhum tipo de ligação superficial ou exterior poderá subsistir. Uma união mantida somente pela casca é a prova de que já não existe mais nenhuma relação de vida entre a videira e este ramo, por isso ele deve ser cortado e lançado fora.
Isto também nos remete para uma verdade que precisa ser considerada. Este ramo seco exemplifica todo aquele que simplesmente tenta permanecer na videira (Cristo) através de um mero relacionamento superficial e externo. O irmão Eliseo Apablaza assim comenta: Temamos, pois, porque o Agricultor está cortando e está podando. Suas tesouras vão e vêm sobre nossas cabeças, seja para um ou para o outro. O Agricultor não nos tocará injustamente; assim, não temamos por isso; mas sim temamos por não produzir fruto. As tesouras cortarão o ramo inútil, contudo, se um ramo produz fruto, suas tesouras também o tocarão de tempo em tempo. A poda é inevitável.
Diante de tão sublime advertência, que haja temor em nossos corações. A única relação aceitável entre a videira e o ramo é a relação da vida, do contrário, o fim deste será conforme o ramo seco que é cortado e lançado fora. Pergunto: Qual é o único tipo de relação que deve existir entre o nascido de novo e Cristo? Somente por sua vida nós podemos produzir fruto.
É maravilhoso pensar na união perfeita que há entre a videira e os seus ramos. Esta união é tão íntima que um existe inteiramente e somente para o outro. Da mesma forma, Cristo e a Igreja estão ligados tão intimamente que um vive inteiramente e somente para o outro.
O que seria dos ramos sem a videira! Tudo o que os ramos precisam encontra-se na videira. Toda a seiva, doçura e nutrientes que chegam aos ramos procedem da videira, e somente da videira É por isto que o Senhor Jesus disse: Porque sem mim nada podeis fazer. Não podemos conceber a ideia da Igreja sem Cristo. Não há como admitir a Igreja se alimentando de outro que não seja o próprio Cristo. A única fonte de vida para a Igreja é Cristo. A Igreja, para expressar-se como Igreja, precisa ter, em Cristo, a fonte de sua vida.
Seria possível admitirmos uma videira sem os seus ramos?
Observem que sem os ramos a videira não pode produzir os seus frutos. Há uma integralidade nessa união, ou seja, um depende do outro. Como poderemos entender o amor e graça do nosso Jesus? Com todo temor digo isto: assim como a Igreja depende totalmente do Senhor Jesus, Ele também se fez dependente de seu povo. Os homens só poderão experimentar a doçura de Cristo quando provarem o verdadeiro testemunho da Igreja.
E qual é o testemunho da Igreja? Cristo, unicamente Cristo.
Diante de tão grande realidade, devemos nos inclinar e adorar ao nosso amado Senhor Jesus. No entanto, lamentavelmente, muitos que fazem parte do rebanho do Senhor têm se envolvido com tantas coisas, com tantos programas religiosos, que não conseguem ver em Cristo, a total suficiência para a Igreja. Muitos estão tão embaraçados com a máquina institucional, que fazem de Cristo apenas mais uma grenagem para o funcionamento do esquema religioso.
Porém, quando temos os nossos olhos abertos pelo Espirito Santo, podemos ver a pessoa bendita de nosso Senhor Jesus Cristo. E a partir desta visão do Filho de Deus, ganhamos revelação da realidade espiritual da Igreja. Uma vez que ganhamos esta luz, começamos a desenvolver um relacionamento íntimo com o nosso Senhor. As palavras de Sulamita descrevem bem o tipo de amor que a Igreja deve nutrir para com a pessoa bendita de Jesus. “Dize-me, ó Amado de minha alma: onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes repousar pelo meio dia, para que não ande eu vagando junto ao rebanho dos teus companheiros?” (Cantares 1:7). Tem sido este o tipo de amor que nutrimos pelo nosso amado Jesus?
As palavras de Salomão demonstram com doçura o amor de Jesus por sua Igreja: “Como és formosa, querida minha, como és formosa! Os teus olhos são como os das pombas e brilham através do véu.” (Cantares 4:1a).
O texto acima expressa o relacionamento entre Cristo e a sua Igreja, o qual está envolto no mais profundo laço de amor.
Cristo e a sua Igreja são inseparáveis. A Igreja compõe-se por aqueles que habitam em Cristo e compartilham de sua vida. Contudo, para expressarmos a vida de Cristo, para sermos frutíferos, tanto individualmente como coletivamente, se faz necessário a operação da cruz. A Igreja de Cristo precisa passar, necessariamente, pela forja da cruz.
Não há possibilidade alguma de fazermos parte do Corpo de Cristo à parte do tratamento da cruz. A cruz tem como finalidade nos podar, ela é o ponto final para a nossa vida natural.
Na Igreja de Jesus, caem por terra todas as diferenças. O livro de Colossenses 3:11, atesta este fato: “No qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.” Quem pode abrir mão de si mesmo, de seus direitos, valores, justiça, herança religiosa, cultura, etc...? Somente aqueles que se entregaram à operação da cruz podem experimentar uma plena libertação de todas estas coisas.
Oh irmãos, como precisamos ser quebrantados! Damos graças a Deus, pois Ele trabalha nos santos que estão dispostos a levar a sua cruz. E por que é necessário o quebrantamento? Deus não descansará enquanto não puder ver, em cada um de nós, a vida de seu bendito Filho. E este é o plano do nosso Pai para toda a Igreja.
Todo este trabalho visa preparar a Igreja para o encontro com o Senhor Jesus nos ares. Que glorioso momento será aquele! No entanto, faço esta pergunta: Será que, verdadeiramente, almejamos este encontro?
Lamentavelmente, temos que admitir, se Jesus voltasse hoje, provavelmente, Ele seria um estranho no meio de seu próprio povo. Se meu coração não anela pela presença de Cristo hoje, será pouco provável que eu o reconheça naquele Dia.
Que Deus tenha misericórdia de nós, e nos faça arder de amor pelo Amado de nossa alma, o Senhor Jesus Cristo, amém!
Tomaz Germanovix
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