Jeanne-Marie Bouvier da Motte-Guyon (MADAME GUYON)
Na história do mundo, foram poucas as pessoas que atingiram o alto grau de espiritualidade alcançado por Madame Guyon (1648-1717).
Ela nasceu em uma época corrupta, em uma nação marcada pela decadência (França); cresceu e criou-se em uma igreja tão devassa quanto o mundo em que estava inserida; foi perseguida a cada passo de sua carreira; andando às cegas em meio a uma devastação e ignorância espiritual, não obstante ela atingiu o auge da preeminência em termos de espiritualidade e devoção cristã.
Viveu e morreu dentro da igreja católica; contudo, padeceu tormentos e aflições; foi maltratada, sofreu abusos e foi presa durante anos pelas maiores autoridades daquela igreja.
Seu único crime foi amar a Deus. Sua suprema devoção e incomensurável ligação com Cristo foram os pretextos usados para justificar as ofensas que sofreu. Exigidos seu dinheiro e seus bens, ela, com alegria, se desfez deles, mesmo sabendo que ficaria pobre, mas de nada adiantou. O pecado de amar Aquele em quem todo o seu ser estava absorvido jamais seria amenizado, ou perdoado.
Ela simplesmente gostava de fazer o bem para o próximo, e foi tão cheia do Espírito Santo e do poder de Deus que operou maravilhas em sua época, não deixando de influenciar as gerações seguintes.
Do ponto de vista humano, é um sublime espetáculo ver uma mulher solitária subverter todas as manobras de reis e cortesãos, tratar com o máximo desprezo todos os conluios malignos da inquisição papal e do silêncio e confundir as ambições dos clérigos mais eruditos. Ela não só viu com maior clareza as verdades mais sublimes do nosso cristianismo mais santo, como também se aqueceu sob a mais clara e bela luz do sol enquanto eles tateavam na escuridão. Compreendeu com facilidade as verdades mais profundas e mais sublimes das Sagradas Escrituras, enquanto eles se perdiam nos labirintos de sua profunda ignorância.
Um distinto clérigo deleitava-se em sentar-se aos pés dela. A princípio ele a ouvia com desconfiança; depois, com admiração. Por fim, abriu seu coração para a verdade e estendeu sua mão para ser conduzido por esta santa de Deus para o Santo dos Santos, onde ela habitava. Nós nos referimos ao distinto arcebispo François Fénelon, cujo espírito meigo e fascinantes textos têm sido uma bênção para cada geração que o sucedeu. A. W. Tozer encontrou as águas mais profundas da espiritualidade ao ler especialmente Fénelon, e isso revolucionou sua vida e ministério.
Não apresentamos nenhum pedido de desculpas por publicarmos na Autobiografia de Madame Guyon as expressões de devoção de sua igreja, que encontraram vazão em seus escritos. Madame Guyon era uma autêntica católica no início do protestantismo.
Não há dúvida de que Deus, por uma intervenção especial de Sua Providência, levou-a a dedicar sua vida, de modo tão meticuloso, à escrita. O dever foi-lhe imposto por seu líder espiritual, a quem, de acordo com as normas de sua igreja, ela era obrigada a obedecer. Seus textos foram escritos enquanto ela estava presa em uma solitária. A mesma Providência, dotada de toda a sabedoria, impediu que fossem destruídos.
Seus inspirados escritos influenciaram a muitos ao redor do mundo e a notáveis líderes, tais como os Quacres, John Wesley, Conde Zinzendorf, Charles Spurgeon, Jessie Penn-Lewis, Andrew Murray, A. W. Tozer e Watchman Nee. Eles foram tão marcados por Deus por meio dela que muitas das verdades comentadas e vividas por eles tiveram origem, de alguma maneira, no que herdaram de Madame Guyon.
Não temos sombra de dúvida de que seus escritos têm por objetivo realizar algo dez vezes maior hoje do que o realizado no passado. Na realidade, o mundo cristão está só começando a entendê-los e apreciá-los, e esperamos e oramos para que milhares de pessoas possam, por meio de sua Autobiografia e o clássico Experimentando as Profundezas de Jesus Cristo Através da Oração, ser levadas à mesma relação e comunhão íntima com Deus, que muito Se agradou de Madame Guyon.
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FONTE: https://editoradosclassicos.com.br/portal/quem-foi-madame-guyon/
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