Tricotomia e o Propósito Eterno de Deus
Tricotomia e o Propósito Eterno de Deus
Eu quero tratar com vocês, durante alguns dias, sobre o tema: a vida cristã
vitoriosa. Dentro desse tema, nós iremos estudar vários pontos importantes, onde
vamos perceber, pela Palavra de Deus, como é possível ter uma vida cristã vitoriosa.
O primeiro ponto que quero tocar é sobre a tricotomia humana. O
homem é dividido em três partes. Se você deseja compreender o significado de uma
vida cristã vitoriosa, é necessário conhecer que o homem está composto de três partes:
espírito, alma e corpo.
Quando Deus fez homem e mulher, Ele os fez tendo em foco o Seu
próprio Filho. Mas não somente isso. Quando Deus criou o homem e a mulher, Ele
não somente estava pensando em Seu Filho, mas também pensando na Igreja.
Gênesis, capítulo 2, versículo 18, diz:
“[...] Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei
uma auxiliadora que lhe seja idônea.”
Deus fez o homem para que, através deste, Ele pudesse ter uma família,
um lugar no qual pudesse habitar eternamente. Todos nós precisamos entender que
Deus fez o homem com um propósito definido. Deus fez o homem dotado de partes
convenientes para cumprir o Seu propósito. O desejo de Deus era que o homem fosse
semelhante ao Seu próprio Filho.
Em Gênesis, no capítulo 2 e o versículo 7, diz assim:
“Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó
da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o
homem passou a ser alma vivente.”
Analisando um pouco, vemos que o pó da terra foi o elemento do qual
Deus formou o homem. Depois vemos que no seu nariz Deus soprou o fôlego de vida.
Aqui nós temos a palavra ruach, que significa vento, espírito. Há outra palavra que
alguns estudiosos também gostam de mencionar para descrever este fôlego de vida que
é neshamah, que também fala de vento, o sopro de vida que o homem recebeu através
do poder de Deus. Então quando você estuda isso, vai ver que Deus soprou nas suas
narinas o fôlego de vida.
É interessante que o termo “vida”, no original hebraico, está no plural; é
hayyim. Porque quando Deus sopra vida dentro do homem, o espírito e a alma passam
a fazer parte do seu homem interior. Por isso o homem passou a se chamar alma
vivente.
Portanto, é interessante você notar que quando recebemos a Cristo como
nosso Salvador e passamos pela regeneração, nós passamos a ter várias classes de vida:
a vida biológica (vida do corpo), a vida psíquica (vida da alma) e a vida zoe (vida
pneumática) - é a vida no espírito, a vida divina, a vida eterna que Deus nos deu, que
nós recebemos através da regeneração no momento da nossa conversão. Nós
estávamos mortos em nossos delitos e pecados, mas Deus nos deu vida juntamente
com Cristo.
Em 1Ts 5.23, diz assim:
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o
vosso espírito, alma e corpo sejam conservados
íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo.”
Em Hebreus 4.12, diz assim:
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais
cortante do que qualquer espada de dois gumes, e
penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas
e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e
propósitos do coração.”
Nesses textos que acabei de citar para vocês, vemos que Deus nos fez
seres humanos dotados de três partes: espírito, alma e corpo. Deus nos deu essas
faculdades para que sejamos capazes de ter relação com Ele, com os seres humanos, na
nossa própria consciência com nós mesmos e também nos comunicar com o mundo
que nos rodeia.
Mediante os sentidos do corpo biológico e suas operações vitais nós nos
comunicamos com as coisas físicas.
Mediante a alma temos consciência de nós mesmos, porque na alma estão
as funções psíquicas próprias do nosso eu, nosso ego, que determina a nossa
personalidade, a mente que gera pensamentos, a vontade para tomar as nossas
determinações e as emoções que estão relacionadas com o amor, ódio, tristeza, alegria,
amargura, gozo, introspecção. Agora, entendam que a mente determina o que penso, a
emoção o que sinto e a vontade o que quero.
Mas, mediante o nosso espírito, temos comunhão com Deus. Fomos
regenerados, nascemos de novo, pelo Espírito de Deus, por termos crido na obra
redentora do Senhor Jesus na cruz. Através da regeneração, Deus nos fez participantes
da Sua vida eterna, da Sua natureza divina.
Em 2Pe 1.4 diz assim:
“pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e
mui grandes promessas, para que por elas vos torneis
coparticipantes da natureza divina [...]”
Deus veio habitar no nosso espírito pelo Seu Espírito. Nosso espírito
humano nos foi dado por Deus para que tenhamos uma relação íntima com Ele. Deus
o dotou de certas faculdades, como intuição, consciência e comunhão. O Espírito
Santo mora no nosso espírito. O espírito humano foi projetado divinamente para que o
Espírito de Deus possa habitá-lo.
Nos versículos 9 e 10 do capítulo 8 de Romanos, referindo-se a um cristão
regenerado, nascido de novo, Paulo diz:
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se,
de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se
alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é
dele. Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na
verdade, está morto por causa do pecado, mas o
espírito é vida, por causa da justiça.”
Que coisa impressionante é você saber que o Espírito de Deus habita em
você, Ele está morando dentro de você! Veja! De conformidade com a Palavra de
Deus, Paulo está nos falando nesses textos que nós fomos gerados espiritualmente para
que o Espírito de Deus habite em nossa vida. O desejo de Deus é que todo cristão
nascido de novo seja um membro da Igreja do Senhor Jesus, isto é, seja um templo
santo de Deus.
O Senhor Jesus disse em Mateus 16:
“[...] edificarei minha igreja [...]”
E, quando você lê 1 Co 3.16, Paulo diz:
“Não sabeis que sois o templo de Deus e que o
Espírito de Deus habita em vós?”
Então, você vê? Essa Igreja que o Senhor Jesus está edificando é o templo
no qual o Espírito Santo habita! Veja que o Novo Testamento fala da construção do
Tabernáculo verdadeiro.
Vamos ler Efésios, capítulo 4 e os versículos 11 e 12:
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas, e outros para
pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos
santos, para a obra do ministério, para edificação do
corpo de Cristo”
No Antigo Testamento, encontramos um tipo de figura, de projeto do
verdadeiro templo do Senhor. Encontramos essa figura a partir do capítulo 25 do livro
de Êxodo: o tabernáculo, aquele templo portátil que Deus ordenou a Moisés que se
fizesse lá no deserto. E, mais tarde, você vê a partir de 1 Reis, capítulo 6, a construção
do templo de Salomão em Jerusalém. No livro de Êxodo nós encontramos os detalhes
da descrição do tabernáculo, o qual constava de três partes principais: átrio, lugar santo
e lugar santíssimo.
Nós, a Igreja, no Novo Testamento, somos o verdadeiro tabernáculo que
Deus está construindo para a Sua morada eterna. Somos o verdadeiro templo de Deus.
Se olharmos as três partes do homem e as três partes principais do tabernáculo,
encontraremos algumas coisas que correspondem de uma forma impressionante. Até ao
átrio, tinham acesso todas as tribos, todos os israelitas, os prosélitos. O átrio era a parte
mais aberta do templo. O átrio corresponde ao nosso corpo, a parte mais externa do
nosso ser, pelo qual nós nos comunicamos com tudo que nos rodeia por intermédio
dos cinco sentidos.
No lugar santo do tabernáculo só os sacerdotes podiam entrar. O lugar
santo é comparado com a nossa alma, que é a parte que segue o corpo, a qual já não
pode ser penetrada por outros seres. A alma tem sua intimidade, a intimidade da nossa
própria personalidade. No lugar santo estava o candeeiro de ouro, a mesa dos pães da
proposição, o altar de ouro do incenso. Até ali, os sacerdotes podiam entrar e ministrar
ao Senhor, oferecer azeite, incenso, pão, mas os demais israelitas jamais podiam entrar.
Na alma reside a nossa vontade humana, nossa mente, nossas emoções que revelam a
nossa personalidade, nossa individualidade; até onde, em condições normais, não têm
acesso as demais pessoas. Como nós pudemos ver, o nosso corpo opera por meio dos
sentidos: tato, olfato, paladar, visão e audição.
No tabernáculo, havia também uma terceira parte, mais íntima, que é o
lugar santíssimo, onde estava a arca do pacto, de madeira de acácia coberta de ouro. E
por cima, havia o propiciatório. Dentro da arca havia o pote de maná, a vara de Arão
que floresceu e as tábuas da aliança. Este é o lugar mais íntimo, onde o sumo sacerdote
entrava, onde oferecia o sangue dos sacrifícios. Havia os querubins, que eram os
guardiões da glória e da justiça de Deus; eles velavam simbolicamente. Algo precioso
nós temos aqui.
Em Hebreus, no capítulo 9, os versículos 7 e 8 dizem assim:
“mas, no segundo (isto é, está se referindo ao lugar
santíssimo), só o sumo sacerdote, uma vez no ano,
não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas
culpas do povo; dando nisso a entender o Espírito
Santo que ainda o caminho do Santuário não estava
descoberto, enquanto se conservava em pé o primeiro
tabernáculo”
Somente o sumo sacerdote podia entrar no lugar santíssimo, e uma vez
por ano, quando era o Yom Kippur, dia da expiação, que era o dia décimo do mês sete,
do ano judeu. Era o lugar central e mais íntimo do tabernáculo. Então o lugar
santíssimo estava separado do lugar santo através de um véu. O tipo de véu que separa
os homens de Deus. Enquanto não houver revelação, aquele véu continuará ali; isto
quer dizer que o homem não tem a capacidade para conhecer Deus e nem ao Senhor
Jesus. No lugar santíssimo se manifesta a glória de Deus, a shekinah. Enquanto o véu
permanecer, o homem não pode penetrar para conhecer o Senhor, o homem não pode
experimentar a profundidade da vida de Deus. E aqui nós temos uma figura do nosso
espírito, que é prefigurado por esse lugar santíssimo. Você vê que há algo grandioso
aqui.
Os versículos 9 e 10 do Livro de Hebreus, capítulo 9, dizem assim:
“É isto uma parábola para a época presente; e,
segundo esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios,
embora estes, no tocante à consciência, sejam
ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto, os
quais não passam de ordenanças da carne, baseadas
somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções,
impostas até ao tempo oportuno de reforma.”
Que coisa interessante. Diz aqui, a Palavra de Deus, que chegaria o tempo
da reforma das coisas e que o antigo tabernáculo é apenas um símbolo para o tempo
presente. Mas eu pergunto: símbolo de quê? Do verdadeiro templo de Deus: Sua Igreja,
a vida coorporativa da Igreja do Senhor Jesus.
Para entender este tema delicado da doutrina bíblica da salvação, é
necessário, pois, haver uma clara diferenciação entre o corpo, a alma e o espírito do
homem. Se você quiser entender o que é vida cristã profunda, você tem que entender o
que é isso!
Deus está revelando para nós algo grandioso acerca da Sua habitação no
nosso espírito, da Sua edificação. Ele está revelando a nós como viver uma vida cristã
profunda, uma vida que verdadeiramente possa experimentar Deus na intimidade. Nós
não podemos viver uma vida cristã superficial. Nós não podemos viver uma vida cristã
com essa compulsão de consumo que tem atingido o povo de Deus. Precisamos viver
uma vida cristã vitoriosa, uma vida cristã cheia de Deus, cheia de Cristo, cheia do
Espírito Santo, cheia da Sua Palavra. Nós precisamos viver uma vida cristã madura. Isso
só é possível se entendermos este assunto da tricotomia, do homem tripartido. Se não
entendermos isto, jamais iremos entender o que é a vida cristã.
(Luiz Fontes)
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