A Palavra de Deus que Penetra o Coração

 "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de separar alma e espírito, assim como juntas e medulas, e é apta para de modo imediato discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas." (Hebreus 4:12-13)


O escritor da Epístola aos Hebreus usou até agora sinceras e severas palavras de advertência contra a incredulidade e desobediència, contra o endurecimento do coração e o afastar-se de Deus e não entrar no descanso por ele prometido. As sérias palavras do juramento de Deus que encontramos no Salmo 95 - "Jurei na minha ira, não entrarão no meu descanso" - foram repetidas mais de uma vez para constranger e impelir a todos a serem diligentes a fim de não caírem segundo o mesmo exemplo de incredulidade. O escritor está prestes a finalizar sua advertência, e o faz lembrando aos hebreus o poder da palavra de Deus como a palavra daquele que é onisciente, daquele a quem temos de prestar contas, diante de cujos olhos todas as coisas, também nosso coração e nossa vida, estão descobertas e abertas. Possa cada estudante desta epístola fazer uma aplicação muito pessoal dessas palavras. Consideremos profundamente o juramento de Deus a respeito de Seu descanso e mandamento para esforçar-nos para nele entrar e dele fazer a habitação de nosso coração e possamos testificar se, de fato, entramos. E, se não entramos, entreguemo-nos à Palavra mais completamente, que nos perscruta e nos prova, e essa Palavra fará, sem falta, sua obra bendita em nós e nos preparará para que o ensinamento que vem a seguir a respeito de nosso Senhor Jesus seja para nosso proveito.

"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz". Às vezes pode parecer-nos que a palavra de Deus é tão pouco eficaz. Ela é como uma semente, tudo depende do tratamento que recebe.

Alguns recebem a palavra com a mente. Na mente, a palavra não pode ser vivificada. A palavra destina-se ao coração, à vontade, a nossos afetos. Devemos submeter-nos à palavra, essa palavra deve ser vivida, deve ser praticada. Quando isso acontece, a palavra manifestará seu poder vivificador. Não somos nós quem devemos tornar essa palavra viva. Quando, com fé na vida e poder que há na palavra de Deus, o coração rende-se à ação da palavra em humilde submissão e desejo sincero, ela mesma provará que é vida e poder.

"e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de discernir juntas e medulas". A primeira ação da palavra de Deus é ferir, cortar, separar. A alma é a sede da vida natural; o espírito é a sede da vida espiritual e divina.

O pecado trouxe confusão e desordem; o espírito ficou debaixo do governo da alma, da vida natural. A palavra de Deus divide e separa, desperta o espírito para o propósito que foi criado, ser a faculdade que permite perceber o invisível e eterno. A palavra revela para a alma que é cativa ao poder do pecado. A

palavra corta infalível e profundamente, revela a profunda corrupção do pecado. Como o bisturi do cirurgião, que procura curar, a palavra de Deus penetra até o ponto de dividir juntas e medulas onde é necessário; penetra todas as partes; não há uma parte sequer do ser interior que não alcance.

"e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração". A palavra de Deus trata especialmente com o coração. No capítulo 3 da Epístola aos Hebreus, lemos a respeito do endurecimento do coração, do perverso coração de incredulidade e do coração enganoso. Quando a palavra "coração" aparece posteriormente na epístola, descobriremos que tudo muda; lemos de um coração no qual está escrita a lei de Deus, de um coração verdadeiro, aspergido com o sangue, um coração estabelecido pela graça (Hb 8:10; 10:22; 13:9).

Aqui temos a transição de um coração para outro. O apelo de Deus foi: "Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração". O coração que tão somente se render para ser perscrutado pela palavra de Deus, para permitir que seus pensamentos secretos e intenções sejam discernidos e julgados pela palavra, esse coração será libertado de seus enganos e incredulidade, e será vivificado e purificado, e será transformado em tábuas vivas onde a palavra é escrita pelo próprio Deus. Ó, se soubéssemos quão necessário e quão abençoado é render nosso coração ao julgamento da palavra!

"E não há criatura que não seja manifesta na sua presença".

A palavra de Deus tem o caráter do próprio Deus. Ele tudo sabe e a tudo permeia, nada pode ocultar-se do julgamento de sua palavra. Se não permitirmos que essa palavra nos julgue agora, seremos condenados por ela no futuro.

"pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas". Sim, mais adiante na epístola, lemos a respeito do Deus a quem temos de

prestar contas: "terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo" e, novamente: "Nosso Deus é fogo consumidor". É esse Deus que agora suplica que entremos em seu descanso.

Entreguemo-nos alegremente para prestar contas para ele.

Se talvez tenhamos um sentimento secreto de que não está tudo correto conosco, de que não estamos nos esforçando diligentemente para entrar no descanso, ó, tenhamos o cuidado

de não recusar tais pensamentos. Esse é o primeiro movimento da semente viva da palavra de Deus dentro de nós. Não pense que esse pensamento vem de você mesmo ou de alguém que lhe traz a palavra de Deus; é o próprio Deus lhe despertando do sono. Vá até ele. Esteja disposto a que a palavra lhe mostre o que está errado. Não tenha medo que a palavra lhe desvende seu pecado e miséria. O bisturi do médico fere com o propósito de curar. A luz que mostra teu pecado e iniquidade certamente te levará adiante. A palavra é viva e te dará vida.

1. Deus nos falou em seu Filho. Essa é a nota principal da Epístola aos Hebreus. Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração: essa é a nota principal desta longa e solene advertência.

Atendamos à palavra, rendamo-nos à palavra. A forma como tratamos a palavra é a mesma forma como tratamos Deus. E, dessa mesma forma, Deus tratará conosco.

2. Julgue sua vida não de acordo com o que diz seu coração ou a igreja, ou o assim-chamado mundo cristão, mas pelo que a palavra diz. Permita que a palavra opere em você, e você será grandemente

abençoado por isso.

3. "Todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas". Por que, então, por indiferença ou desencorajamento, você fecha seus olhos para os olhos de Deus? Ó, exponha tudo abertamente diante dele, o Deus a quem você invariavelmente deverá prestar contas, quer deseje ou não.

4. A palavra é viva e eficaz, ativa. Tenha grande fé no poder da palavra. Você pode estar certo de que o Espírito Santo, que a palavra viva, que o próprio Deus opera em sua palavra. A palavra sempre aponta para o Deus vivo, que nela está presente e a vivifica no coração que está buscando vida e Deus.



(Por Andrew Murray - fragmento de "The Holiest of All: An Exposition of the Epistle to the Hebrews": em domínio público - tradução livre)


FONTE: https://library.mibckerala.org/lms_frame/eBook/The%20Holiest%20of%20All%20-%20Andrew%20Murray.pdf

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