A PERSEVERANÇA DA ORAÇÃO

 A PERSEVERANÇA DA ORAÇÃO (Uma Nota)

"regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes."

(Romanos 12:12 ARA)

A necessidade de oração perseverante parece contradizer a fé que sabe que recebeu o que pediu (Marcos 11.24). Um dos mistérios da vida divina é a harmonia entre repentina e completa possessão e a lenta e imperfeita apropriação. E neste ponto a oração perseverante parecer ser a escola em que a alma é fortalecida para obter ousadia em sua fé. E com a diversidade de operações do Espírito, para algumas pessoas a fé pode tomar a forma de espera persistente, enquanto para outros triunfantes ações de graças parecem ser a única expressão apropriada da certeza de terem sido atendidos.

De uma forma bem marcante, a necessidade de oração perseverante e o aumento cada vez maior da convicção de ter obtido a resposta são ilustrados na vida de Blumhardt. Grande número de reclamações foi feito contra ele alegando que negligenciava seu trabalho como ministro do evangelho para dedicar-se à cura dos doentes; e principalmente a cura sem autorização de doentes de outras congregações. Em sua defesa, ele escreve:"Eu simplesmente me propus a fazer o que alguém com responsabilidade pelas almas faz e a orar de acordo com o mandamento do Senhor em Tiago 1.6-7. De forma alguma procurei confiar em meu próprio poder ou imaginei que tivesse qualquer dom que outros não possuíssem. A verdade é que busquei trabalhar como um ministro do evangelho que tem o direito de orar. Mas logo descobri que as portas do céu não estavam totalmente abertas para mim. Muitas vezes minha vontade era retirar-me em desespero. Mas a visão dos doentes, que não conseguiam achar ajuda em nenhum outro lugar, não me deixava em paz. Eu pensei na palavra do Senhor: 'Pedi, e dar-se-vos-á' (Lucas 11.9-10). E mais, pensei que se a Igreja e seus ministros, por causa de incredulidade, preguiça e desobediência, haviam perdido o poder necessário para vencer Satanás, era para tempos de pobreza e fome como esses que o Senhor falara a parábola do amigo inoportuno e seus três pães. Por isso, não me senti digno de à meia-noite, em um tempo de grande escuridão, aparecer diante de Deus como Seu amigo e pedir pela necessidade de um membro de minha congregação. E deixá-lo sem cuidado, eu também não podia. Sendo assim, continuei batendo como a parábola ensina, ou como alguns têm dito, com grande presunção tentando a Deus. Seja como for, não podia deixar meu convidado sem provisão. Nessa época, a parábola da viúva se tornou muito preciosa para mim. Vi que a Igreja era a viúva, e eu era um ministro da Igreja. Eu tinha o direito de ser seu porta-voz contra o adversário; mas por muito tempo o Senhor não me responderia. Eu pedia nada mais do que os três pães; o que necessitava para meu convidado. Finalmente, o Senhor ouviu ao suplicante inoportuno e me ajudou. Foi errado, então, orar assim? As duas parábolas certamente têm de ser praticadas em algum lugar, e onde se poderia imaginar maior necessidade? "E qual foi o fruto de minha oração? O amigo que estava a princípio indisposto não me disse: 'Vá agora que eu mesmo darei a seu amigo o que ele precisa'. Eu não exijo que você o faça, mas dê isso a mim como Seu amigo, para que eu o dê a meu convidado. E assim usei os três pães, e tive de economizar. O suprimento foi pequeno, e novos convidados vieram. 

Viram que eu estava disposto a ajudá-los, e que eu não me importaria, mesmo à meia-noite, de ir até meu amigo. Quando também pedi por eles, recebi novo suprimento, e novamente tive de economizar. O que poderia fazer se os necessitados continuavam vir à minha casa? Deveria me endurecer e dizer: 'Por que vêm a mim?'. Existem casas maiores e melhores na cidade, vão para lá. A resposta deles era: 'Prezado Senhor,não podemos ir lá. Já fomos, e eles com pesar nos mandaram embora famintos, nem puderam responsabilizar-se para ir e pedir a um amigo o que queríamos. Vá, por favor, e consiga-nos alguns pães, pois sofremos grande dor'. Que poderia eu fazer? Eles falaram a verdade, e seu sofrimento tocou meu coração. Não importasse quanto trabalho isso me custasse, cada vez que novamente ia, conseguia os três pães. Sempre consigo o que peço cada vez mais rápido do que da primeira vez, e também com maior abundância. Mas nem todos se importaram com o pão, e assim alguns saíram famintos de minha casa" 

(de Johann Christophe Blumhardt, Ein Lebensbild von F. Zündol [Um retrato da vida de F. Zündol]).

Em suas primeiras batalhas contra espíritos malignos, custoulhe mais de dezoito meses de muita oração e trabalho antes que obtivesse a vitória final. Depois disso, teve tal facilidade de acesso ao trono, e permaneceu em comunhão tão íntima com o mundo invisível, que, muitas vezes, quando cartas chegavam pedindo oração por pessoas doentes, ele podia, apenas elevando rapidamente os olhos ao céu, obter a resposta como se estivesse certo de que já tinham sido curadas.

(por Andrew Murray)


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