As Duas Árvores
"Do solo fez o SENHOR Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal." (Gênesis 2:9)
Segundo o relato de Gênesis, o jardim do Éden foi formado logo após a criação do homem. O termo jardim do Éden significa jardim do prazer. O Criador desejava, no íntimo de seu coração, que o homem desfrutasse de todas as delícias que Ele havia criado. O plano divino também implicava no domínio do homem sobre a criação de Deus. “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” (Gênesis 2:15).
Contudo, era necessário que os nossos primeiros pais fossem provados. No jardim que havia sido formado Deus plantou duas árvores singulares, uma chamada árvore da vida e a outra, árvore do conhecimento do bem e do mal. O texto a seguir destaca o teor da grande prova à qual o homem foi submetido: “E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda
árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não
comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2:16-17).
Mesmo tendo sido criado à imagem de Deus, o homem precisava ser aperfeiçoado. Stephen Kaung nos ajuda a entender este assunto: “Era como se Deus dissesse: Você foi criado perfeito, mas se quiser deleitar-se em tudo que criei e exercer domínio sobre todas as coisas em Meu nome, como Meu governador, então você precisa comer do fruto da árvore da vida. Você precisa da Minha vida. Somente depois que você possuir Minha vida e que Minha vida o possuir é que você será capaz de deleitar-se em tudo que fiz e governar sobre todas as coisas que criei. Contudo, existe a árvore do conhecimento do bem e do mal. Se você comer dessa árvore, a vida de sua alma será desenvolvida em grande medida. Você vai adquirir um conhecimento do bem e do mal separado de Deus, separado da vida, baseado apenas no raciocínio e na racionalização. Você será capaz de distinguir o bem e o mal, mas não o fará por meio da vida, mas pelo uso de sua razão. Você terá esse poder, mas estará declarando sua independência de Mim. Você estará fazendo de si próprio um deus e o resultado será a morte. Você não será capaz de deleitar-se nas coisas que criei nem governar sobre a criação.”
E todos nós sabemos o que aconteceu: Adão e a sua mulher se rebelaram contra a palavra de Deus quando se renderam à voz sedutora da serpente. Em outras palavras, eles preferiram ser independentes ao invés de dependentes de Deus. A consequência foi fatal, pois o pecado entrou no mundo atingindo toda a criação e a raça humana. “Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.
Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Romanos 8:22 e 5:12).
A ingestão do fruto do conhecimento do bem e do mal capacitou os nossos primeiros pais a serem os seus próprios senhores. O primeiro casal ganhou a sua independência em relação a Deus. A submissão e a confiança no Criador foram quebradas e, a partir daquele
instante, eles podiam tomar as suas decisões sem consultar a Deus. Eles se tornaram os seus próprios deuses. O curso de suas vidas seria determinado por eles mesmos.
Este estado de independência parecia algo tremendamente libertador, no entanto, sabemos o resultado deste pecado - o homem tornou-se escravo do seu pior algoz, ele mesmo. E
desde a queda no jardim do Éden, toda a humanidade segue o seu próprio curso,
independente de Deus. O mundo tem sido governado por sua própria sabedoria, e esta é considerada louca por Deus. Está escrito em 1 Coríntios 1:20 e 3:19a: “Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus.”
A partir do pecado, todo homem nasce neste mundo separado de Deus, e isto também é descrito como morte espiritual.
Sem Deus, o homem se tornou um ser extremamente egoísta, consequentemente todas as suas decisões são pautadas pelo conhecimento que ele tem, tanto do bem como do mal. Estando longe de Deus, o homem busca sempre estabelecer a sua própria retidão, e não a que vem de Deus. E o que se pode esperar de um homem totalmente amante de si mesmo?
A Bíblia responde esta pergunta mostrando que a cada dia que passa a maldade do homem se torna mais evidente: O texto de 2 Timóteo 3:1-5 aponta: “Sabe, porém, isto: nos últimos
dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão amantes de si mesmos, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. A grande verdade é que toda a humanidade está inserida num grande caos.
É puro realismo afirmar que não existe solução para o homem a partir do próprio homem. E diante de tão catastrófica situação, o que fazer? Voltemos ao jardim do Éden. O que teria
acontecido se o homem comesse do fruto da árvore da vida? Comer desse fruto teria trazido a vida de Cristo para dentro de Adão e Eva.
E assim, a manifestação de Cristo neles seria o resultado de seu relacionamento íntimo com Ele.
Se o primeiro casal vivesse em intimidade com Cristo, todos os Seus pensamentos, vontade, atitudes, e também o Seu caráter seriam infundidos neles. Como resultado, Adão e Eva expressariam naturalmente a própria pessoa de Cristo. Não seria uma questão de ambos se esforçarem para imitar a Cristo, mas de expressá-lo espontaneamente. Infelizmente, sabemos que o casal optou em seguir o seu próprio caminho.
Mas a grande notícia é que Deus, dirigido unicamente por sua soberania, deu ao homem uma outra oportunidade. Graças ao nosso bom Deus, há esperança para o perdido. Ele preparou um caminho para a libertação do homem. Contudo, afirmamos que o preço da liberdade do homem foi altíssimo. O valor do resgate do ser humano envolveu o próprio sangue do Filho de Deus.
Novamente recorro ao irmão Stephen Kaung: “Um dia nós vimos que Cristo carregou, Ele mesmo em seu corpo sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.” (1 Pedro 2:24).
Nossos antepassados perderam a árvore da vida, mas graças a Deus, quando o Senhor Jesus Cristo foi crucificado no Calvário, aquela cruz era um madeiro, uma árvore. Ninguém iria colocar um criminoso em uma cruz polida, pintada ou folhada a ouro. Eles apenas cortavam uma árvore e penduravam o acusado nela. Portanto, quando o Senhor Jesus foi crucificado no madeiro, a Bíblia nos diz que daquela árvore saiu vida para nós. Quando
nós cremos no Senhor Jesus, graças a Deus, nós comemos da árvore da vida. A vida de Deus está em nós e se nós permitirmos que esta vida nos governe, poderemos ter tanto domínio como deleite.
A obra da cruz é tremendamente significativa, pois Cristo incluiu a nossa velha vida em Sua morte. O nosso velho estilo de viver foi cravado no corpo de Cristo.
Agora podemos nos alegrar, pois é o próprio Cristo ressurreto que habita em nós, e sendo assim, qual deve ser o estilo de vida do cristão? O homem natural vive independente de Deus, é governado unicamente pelo conhecimento do bem e do mal; mas o regenerado tem
Cristo habitando em seu íntimo. Todas as decisões do santo são pautadas, não mais naquilo que ele julga ser o certo ou o errado, mas unicamente no princípio da vida de Cristo em seu interior.
Com o novo nascimento, Deus não nos deu uma porção nova de regras ou regulamentos, Ele não nos levou para um novo Sinai para nos mostrar o que é certo ou errado. Deus simplesmente nos deu o Seu tudo, seu Filho bendito. Todo agir do cristão deve ser baseado na vida de Cristo em seu íntimo. A vida cristã nada mais é do que um caminhar de intimidade e dependência do Senhor. O cristão deve ser controlado unicamente pela vida de Cristo, e não por qualquer regulamento externo.
O texto de 1 João 2:20 e 27 é esclarecedor: “E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento. Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não falsa, permanecei nele, como
também ela vos ensinou.”
Cristo é a única fonte de sabedoria para o regenerado, ou melhor dizendo, Cristo é a própria sabedoria do regenerado. O gozar da intimidade do Senhor fará com que os Seus pensamentos, atitudes e caráter sejam de tal forma infundidos em nós, que a nossa vontade, sentimentos, emoções e decisões, nada mais sejam do que expressões da
própria pessoa de Cristo que habita em nosso interior. Ou seja, a manifestação da vida de Cristo em nós é o resultado de nossa intimidade com Ele, e não o resultado do nosso
esforço na tentativa em imitá-lo.
Que Deus, em sua infinita graça, nos conceda luz para que possamos ver, em Seu Filho bendito, toda a nossa suficiência, e que assim seja!
Tomaz Germanovix
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