Auto Depreciação

 Ó SENHOR, 

Cada afeição, faculdade, sentido, e membro meus me são uma armadilha, 

É pouco o que vejo mas invejo os que estão sobre mim, ou menosprezo os que estão abaixo. 

Desejo honra e riquezas dos poderosos, e sou orgulhoso e sem piedade para com os que andam aos

 farrapos; 

A beleza que vejo é uma isca para a cobiça, e, se vejo fealdade, sou inclinado ao desprezo e ao desdém; 

Quão rapidamente difamações, gracejos vãos, e falas temerárias rastejam em meu coração! 

Sou bonito? que combustível para o orgulho! 

Sou feio? que ocasião para lamurias! 

Sou talentoso? quanto desejo o aplauso! 

Sou instruído? como menosprezo os que não o são! 

Estou em autoridade? 

como estou propenso a abusar da confiança em mim mesmo, fazer da minha vontade lei, privar a outros

 de alegrias, servir a meus próprios interesses e política! 

Sou inferior? quanto invejo a proeminência alheia! 

Sou rico? quanto me exalto! 

Tu sabes que essas coisas são armadilhas em razão de minhas corrupções, e que eu mesmo sou minha

 maior armadilha. 

Lamento que minhas apreensões sejam estúpidas, meus pensamentos maus, minhas afeições ridículas, 

minhas expressões fracas, minha vida inócua; 

Contudo, que podes esperar do pó senão leviandade, da corrupção senão maldade? 

Mantém-me sempre atento ao meu estado natural, mas que eu jamais me esqueça do meu título

 celestial, ou da graça que pode tratar de cada pecado.

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Tradução: Márcio Santana Sobrinho Extraído de: The Valley of Vision: A Collection of Puritan Prayers & Devotions, editado por Arthur Bennett, p.74



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