Melquisedeque Superior a Abraão

 “Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos. Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão; entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas. Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior. Aliás, aqui são homens mortais os que recebem dízimos, porém ali, aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste.” (Hebreus 7:4-10)


"Considerai, pois, como era grande esse [homem]".

Compreender corretamente a grandeza de Melquisedeque ajuda-nos a compreender a grandeza de Cristo como nosso Sumo Sacerdote. Os hebreus gloriavam-se em Abraão como o pai do povo escolhido; em Arão que, como sumo sacerdote, era o representante de Deus e de Sua adoração; gloriavam-se na lei que, por ter sido dada do céu, servia-lhes como prova da aliança de Deus com seu povo. A superioridade de Melquisedeque a tudo isso é comprovada: ele é maior do que Abraão (vv. 4-10); maior do que Arão (vv. 11-14); maior do que a lei (vv. 11-19).

Melquisedeque é maior que Abraão; o escritor da epístola dá uma prova dupla desse fato. Abraão deu o dízimo a Melquisedeque; Melquisedeque abençoou a Abraão. Segundo a lei, os sacerdotes deveriam receber dízimos de seus irmãos, mas, neste caso, um estrangeiro os recebe do pai de todo o povo. Além disso, homens mortais recebiam dízimos; mas aqui quem os recebe é "aquele de quem se testifica que vive", que "permanece perpetuamente". E, na pessoa de Abraão, até mesmo Levi, que recebia dízimos, pagou dízimos. Tudo isso foi planejado por Deus como uma profecia oculta, para ser revelada no tempo determinado a respeito da grandeza de Cristo nosso Sumo Sacerdote. "Considerai, pois, como era grande esse [homem]".

Há uma segunda evidência da grandeza de Melquisedeque: ele abençoou Abraão. "Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior". Abraão havia sido abençoado pelo próprio Deus (Gn 12:2), mas, nesta ocasião, ele aceita a bênção de Melquisedeque, reconhece sua inferioridade, inconscientemente subordina-se e todo o sacerdócio que haveria de descender dele a este sacerdote do Deus Altíssimo. O desvendar deste tipo divinamente determinado não somente revela a superioridade de Cristo ao sacerdócio levítico, mas também coloca diante de nós de forma muito sugestiva duas das características de nossa relação a Cristo como sacerdote. Nós recebemos bênção dele; ele recebe dízimos de nós.

Cristo vem para nos trazer a bênção de Deus. Em Hebreus 6:14, vimos do que se trata essa bênção de Deus. Ela é confirmada e concedida em Cristo. Se quisermos conhecer plenamente a bênção que Cristo nos traz, precisamos unicamente pensar a respeito da bênção sacerdotal em Israel.

"Assim abençoareis os filhos de Israel e dir-lhes-ei: O Senhor te abençoe e te guarde;

O Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti;

O Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz" (Números 6:23-25)

Essas são, na verdade, as bênçãos espirituais nas regiões celestiais com as quais Deus nos abençoou em Cristo, as quais, como Sumo Sacerdote, ele nos concede. Cristo nos leva até o Pai e aprendemos que ele nos abençoa e nos guarda. Nele, no Filho, a face de Deus resplandece sobre nós e a graça de nosso Senhor Jesus Cristo é a nossa porção. Nele, Deus levanta sua face sobre nós e, por meio de seu Espírito Santo, concede sua paz ao nosso coração. Cristo, o Sumo Sacerdote, torna cada parte dessa bênção uma realidade divina, uma experiência viva no poder de uma vida que permanece eternamente.

Cristo nos concede as bênçãos, nós lhe damos os dízimos.

Os dízimos de Deus são o reconhecimento de seu direito sobre tudo. Nosso Sumo Sacerdote tem o direito que nós lhe rendamos tudo o que temos, como pertencente a ele, ele tem o direito de receber sacrifício voluntário de tudo o que ele pede ou necessita para seu serviço. A ligação entre os dízimos e as bênçãos é mais estreita do que imaginamos. Quanto mais colocarmos tudo o que temos a seu dispor sem reservas, quanto mais de fato abandonarmos tudo por amor a ele, mais rica será nossa experiência da plenitude e do poder com os quais nosso Sumo Sacerdote pode abençoar.

"Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior". Essa é a verdadeira relação. Quanto mais conhecermos aquele nome superior que Jesus recebeu, quanto mais nosso coração estiver cheio da sua glória, mais baixo nos curvaremos, menores nos tornaremos aos nossos próprios olhos e, por meio disso, mais aptos seremos e mais desejosos estaremos para ser abençoados. Estaremos também mais prontos para entregar ao Senhor não somente os dízimos, mas tudo o que somos e possuímos. O grande poder do sacerdócio de Cristo será revelado em nosso coração à medida que mantivermos em nossa vida espiritual essa relação dupla com o nosso Sumo Sacerdote e cultivarmos uma fé e dependência mais profundas em sua plenitude de bênção

divina juntamente com uma entrega completa para seu dispor e serviço. Veremos com clareza sempre crescente que as duas características cultivadas e desenvolvidas em nós - fé em Cristo que abençoa e consagração a seu serviço - têm suas raízes na virtude primordial da humildade. A humildade nos faz cada vez menores aos nossos olhos até o ponto em que atingimos a condição que nada somos - a morte para o eu - e damos lugar para que Ele seja o nosso Tudo. Então se cumprirá em nós com um novo significado a palavra: "Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior".

1. "Melquisedeque abençoou Abraão". A obra de teu Sumo Sacerdote, ó minh'alma, é simplesmente bênção. Aprende a pensar isso de Jesus e procura confiança ainda mais no fato de que ele se compraz em abençoar. Ele é uma fonte de bênção; regozija-te grandemente nisso e confia que ele te abençoará.

2. Lembra-te de que toda a bênção de teu Melquisedeque no céu consiste no Espírito Santo enviado do céu habitando em teu coração. Como está escrito: "Cristo nos redimiu para que a bênção de Abraão viesse sobre nós em Jesus Cristo; para que pudéssemos receber a promessa do Espírito pela fé". O Espírito Santo "habitando continuamente" no coração é a bênção do sumo-sacerdócio.

3. Hoje, quando retornas da batalha cansado e sem forças, ele vem ao teu encontro. Reclina-te diante dele e permite que ele te abençoe! "Assim como diz o Espírito Santo: Hoje" crê que Jesus é 

tudo para ti.



(Por Andrew Murray - fragmento de "The Holiest of All: An Exposition of the Epistle to the Hebrews": em domínio público - tradução livre) 


FONTE: https://library.mibckerala.org/lms_frame/eBook/The%20Holiest%20of%20All%20-%20Andrew%20Murray.pdf 


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