Uma observação sobre o jejum
Um dos versículos mais claros acerca do jejum está na pergunta que o
Senhor faz aos judeus: "Quando jejuastes e pranteastes no quinto e no
sétimo mês, durante estes setenta anos, jejuastes vós para mim, mesmo
para mim?" (Zc 7.5).
Creio que o jejum para o Senhor não é aquele em que deixamos de comer,
ou fazer qualquer coisa, para termos mais comunhão com Ele, mas
exatamente o contrário. Creio que é ter tanta comunhão com Ele que
tudo o mais passa para o segundo plano, inclusive o comer. Lendo
Isaías 58 você verá que o jejum verdadeiro é o despojar‑se de si
mesmo.
Em todo caso, o jejum verdadeiro é algo tão íntimo que se uma pessoa
contasse a você como ela faz o jejum, já não seria um jejum sincero
pois o próprio Senhor disse: "Porém tu, quando jejuares, unge a tua
cabeça, e lava o teu rosto. Para não pareceres aos homens que jejuas,
mas a teu Pai, que está em oculto; e teu Pai, que vê em oculto, te
recompensará" (Mt 6.17,18). Portanto, desconfie da sinceridade
daqueles que proclamam aos quatro ventos que estão jejuando.
Deus não instituiu um jejum na Lei dada aos israelitas. O primeiro
jejum que aparece na Bíblia é o de Moisés, quando subiu ao monte para
receber as tábuas da Lei, ficando quarenta dias e quarenta noites sem
comer.
William MacDonald comenta:
"Jejuar é privar-se da gratificação de qualquer apetite físico. Pode
ser voluntário, como em Mt 6:16-17, ou involuntário (At 27:33; 2 Co
11:27). No NT está associado à tristeza (Mt 9:14-15) e oração (Lc
2:37; At 14:23). Nestas passagens (Mt 6:16-18) o jejum é acompanhado
de oração num reconhecimento da sinceridade em se discernir a vontade
de Deus.
O jejum não tem qualquer mérito no que diz respeito à salvação, e nem
dá a um cristão uma posição especial diante de Deus. Um fariseu certa
vez gabou-se de jejuar duas vezes por semana, porém aquilo não lhe deu
a justificação que buscava (Lc 18:12, 14). Mas quando um cristão jejua
secretamente como um exercício espiritual, Deus vê e recompensa.
Apesar de não ser ordenado no NT, o jejum é encorajado pela promessa
de uma recompensa. Ele pode ajudar na vida de oração de alguém por
afastar da pessoa a sonolência e o entorpecimento. Ele é valioso em
épocas de crise quando se deseja discernir a vontade de Deus. E tem
seu valor em promover a auto-disciplina. Jejuar é uma questão entre o
indivíduo e Deus e deveria ser feito apenas com o desejo de agradar a
Deus. Ele perde o seu valor quando é uma obrigação vinda de fora ou
feito com o objetivo de se exibir."
(W. MacDonald)
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