Debaixo dos Ternos Cuidados do Pai
"Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (João 15:5)
O texto acima não deixa dúvida alguma, à parte de Cristo, somos inúteis. Se Ele não estiver em nós, e nós Nele, nada podemos realizar. No entanto, por ignorância, ou mesmo por presunção tentamos, ao nosso modo, fazer a obra de Deus. E o que temos colhido? Se formos bastante honestos: fracasso, canseira e enfado. Precisamos da revelação do Espírito Santo para chegarmos ao fim de nós mesmos. Cristo morreu numa cruz com o fim de crucificar a nossa vida natural. Fomos atraídos na morte do Senhor para sermos libertos do nosso maior mal, o eu. “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.” Gálatas 2:19b:20.
Sem a revelação do Espírito Santo, continuaremos a achar que a vida crista deve ser
vivida pelo nosso próprio esforço. E, pior ainda, iremos presumir que a obra de Deus depende de métodos e ações humanas. Essa atitude revela que nós não nos conhecemos o suficiente.
Desconhecemos por completo que somos carne.
Sim, é verdade que nascemos de novo, morremos e ressuscitamos em Cristo, agora, Ele é a nossa vida. No entanto, é necessário que o Espírito Santo opere em nós, dia a dia, o morrer de Jesus e a vida da ressurreição.
Se dependermos de nós mesmos, fracassaremos mais cedo ou mais tarde. Ninguém pode
viver a vida cristã. Com a vida natural, jamais poderemos agradar a Deus. Por isso, é necessário que Deus envie algumas circunstâncias especiais em nossas vidas, para que, verdadeiramente, possamos saber quem realmente somos. O Senhor, em seu infinito amor e cuidado, nos lança no lagar das provações, pois é neste ambiente que iremos descobrir, tristemente, que o nosso cristianismo não passa de uma encenação religiosa. Professamos a alegria, mas vivemos resmungando. Anunciamos a libertação, porém, somos escravos de desejos baixos. Falamos do amor, contudo, evitamos aqueles que não pensam como nós. Somos mensageiros da paz, no entanto, nossa língua é afiada para criticar outros grupos...
Deus não pode nos usar, aliás, Ele nem quer nos usar a partir de nossa própria vida. Alguém disse: Deus precisa nos derrotar. Para tanto, Ele providencia bênçãos divinas, em forma de aflições, e estas, são endereçadas a todos aqueles a quem Ele recebeu por sua graça. Os textos seguintes atestam: Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra. Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos. Bem sei, ó Senhor, que os teus juízos são justos e que com fidelidade me afligiste. Salmo 119:67,71 e 75.
Há focos de resistência em nossa vida, e somente o Espírito Santo pode perscrutar o nosso
íntimo e revelar aquilo que está oculto. Não só mostrar, mas também aplicar o poder da morte de Cristo, para que a vida da ressurreição se manifeste.
Não fique admirado quando você perceber que está criticando, evitando pessoas, julgando outros, pois é isto mesmo o que a vida natural produz. Mas derrame-se em adoração ao Senhor quando você agir de modo oposto, saiba que somente Cristo em nós pode nos conduzir em triunfo.
Antes de Deus usar seus filhos, Ele os conduz ao vale das provas. Sendo absolutamente soberano, o Senhor age conforme o conselho de sua santa vontade. A experiência de José do Egito é bem significativa. Para que o propósito divino sobre o seu povo se cumprisse, Deus preparou um cenário todo especial. Cada detalhe foi minuciosamente determinado pelo Senhor. Ele mesmo foi o responsável por enviar a fome sobre a terra. Foi Deus quem gerenciou a maldade do coração dos irmãos de José, para que este fosse vendido aos mercadores de escravos. A ordem da prisão de José, quando ele já se encontrava no Egito, não veio de Potifar, e sim, diretamente do alto. Por mais de uma década, Deus trabalhou com José. Este homem passou pela moedura divina.
No Salmo 105:16-22 está escrito: “Fez vir fome sobre a terra e cortou os meios de se obter pão. Adiante deles enviou um homem, José, vendido como escravo; cujos pés apertaram com grilhões e a quem puseram em ferros, até cumprir-se a profecia a respeito dele, e tê-lo provado a palavra do Senhor. O rei mandou soltá-lo; o potentado dos povos o pôs em liberdade. Constituiu-o senhor de sua casa e mordomo de tudo o que possuía, para, a seu talante, sujeitar os seus príncipes e aos seus anciãos ensinar a sabedoria. Nenhum detalhe aflitivo na vida de José estava fora do controle divino. Tudo se cumpriu, e com um tempo determinado. Antes de José ser coroado como governador, Deus o galardoou com braçadeiras de ferro. O todo poderoso não poderia usar José em seus divinos propósitos, sem antes prepará-lo devidamente.
Moisés tentou, na força de sua carne, libertar o povo hebreu do jugo egípcio. O que ele conseguiu? A morte de um cidadão daquela terra, e a ridicularização de seus compatriotas: “Naqueles dias, sendo Moisés já homem, saiu a seus irmãos e viu os seus labores penosos; e viu que certo egípcio espancava um hebreu, um de seu povo. Olhou de um e de outro lado, e, vendo que não havia ali ninguém, matou o egípcio, e o escondeu na areia. Saiu no dia seguinte, e eis que dois hebreus estavam brigando; e disse ao culpado: Por que espancas o teu próximo? O qual respondeu: Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós? Pensas matar-me, como mataste o egípcio?” Êxodo 2:11-14a.
Lembremos do fato de que Moisés era um homem muito sábio e pródigo de conhecimento. O livro de Atos 7:22 aponta: E Moisés foi educado em toda a ciência dos egipcios e era poderoso em palavras e obras. Porém, Deus não depende de um bom currículo para executar o seu plano.
Diante do fracasso, Moisés fugiu para a terra de Midiã. Nos 40 anos seguintes, o Senhor trabalhou na vida deste homem, para que pudesse usá-lo em seus planos. De homicida e autoconfiante, Moisés tornou-se um homem dócil e manso.
As Escrituras testificam: “Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.” Números 12:3.
Bendito fracasso na vida deste servo do Senhor. Podemos dizer que a operação graciosa da cruz agiu eficazmente em Moisés. Toda a sabedoria, autoconfiança e mesmo toda sua capacitação sofreram os efeitos da cruz. Deus, agora, era o centro da vida deste homem. Ele fora destronado de seu próprio eu. O Senhor passou a ser o seu tudo. Moisés fora levado ao lagar das provas, e Deus fez dele um instrumento de sua graça.
Ninguém pode servir ao Senhor na força de seu próprio braço. O que a nossa carne pode produzir de bom para Deus? Nossas boas intenções não são suficientes para sermos usados por Ele. Nosso preparo acadêmico não nos habilita a sermos instrumentos do Senhor. Deus jamais usará um filho seu, sem antes moldá-lo à imagem do Cordeiro bendito. No reino de Deus, ninguém pode conhecer o poder da ressurreição sem antes passar pela operação da cruz.
“Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida.” 2 Coríntios 4:10 e 12.
O que isto significa? Somente quando estivermos reduzidos a nada, que é o que somos, Deus nos usará para transmitirmos a palavra que gera vida nos outros. Cai por terra todo o nosso conhecimento, preparo, eloquência, persuasão, etc.... Somente o Espírito Santo pode manifestar através de nós a vida de Cristo. É verdade que podemos ter muito conhecimento bíblico, ensinar a doutrina corretamente, persuadir o povo a uma obediência externa, mas não podemos transmitir a palavra que gera vida. Só seremos bênçãos para os outros quando formos cheios do Espírito Santo. E estar cheio do Espírito é estar pleno da suficiência de Cristo.
Deus trata conosco antes de nos usar.
Normalmente é muito doloroso, pois temos que enfrentar o pior de todos os inimigos, nosso próprio eu. Deus, então, cria circunstâncias especiais para nos mostrar o quanto somos cheios de nós mesmos.
E isto Ele faz por amor. Por nutrir uma "paixão eterna pelos seus filhos, Deus os leva para o pântano das provações, e ali, Ele se posta bem presente até que todo o tratamento se cumpra.
Se você está debaixo dos ternos cuidados do Pai, lembre-se: Ele te ama com amor sem fim, e está lhe moldando à imagem bendita de seu Filho amado. O Pai só pode nos usar quando passarmos pelo crivo da cruz. Deus está tratando com os seus filhos, para que, cada um, seja a expressão graciosa de Cristo. Porém, isto não é tudo. A vontade de Deus é que todos nós sejamos uma unidade, uma manifestação gloriosa da igreja do Senhor. E desta forma, o Pai está preparando a noiva de Cristo, o seu rebanho, para o encontro com o seu Senhor nos ares. Maranata!
Tomaz Germanovix
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