CELEBRAR A VIDA
_Portanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á_. (Mateus 16:25)
Falar sobre celebração nos faz lembrar de festividades alegres e agradáveis que nos levam a esquecer as agruras da vida e a mergulhar numa atmosfera de música, dança, bebidas, risos e muitas conversas amenas.
No entanto, a celebração do ponto de vista cristão, tem muito pouco a ver com tudo isso. A celebração só é possível por meio da profunda percepção de que a vida e a morte não estão totalmente separadas. A celebração só ocorre quando o medo e o amor, a alegria e a tristeza, as lágrimas e os sorrisos que coexistem. Celebração é aceitar a vida em constante e crescente percepção do quanto ela é preciosa. E a vida é preciosa não só porque pode ser vista, tocada e provada, mas também porque um dia ela se vai.
Quando celebramos um casamento, celebramos a união e também a partida; quando celebramos a morte, celebramos as amizades perdidas e também a liberdade ganha. Pode haver lágrimas depois de casamentos, e sorrisos depois de funerais. Podemos fazer de nossas tristezas, como também de nossas alegrias, parte de nossa celebração da vida, compreendendo que vida e morte não se opõem, mas na verdade, se beijam a cada instante de nossa existência.
Quando nascemos, nos tornamos livres para respirar por conta própria, mas perdemos a segurança do corpo de nossa mãe; quando vamos para a escola, estamos livres para nos associar a um grande grupo, mas perdemos um lugar especial no seio da família; quando nos casamos, encontramos um novo parceiro, mas perdemos a ligação especial que tínhamos com nossos pais; quando começamos a trabalhar, ganhamos independência por ter nosso próprio dinheiro, mas perdemos o estímulo dos professores e dos colegas; quando temos filhos, descobrimos um mundo novo, mas perdemos muito da liberdade de ir e vir; quando somos promovidos, tornamo-nos mais importantes aos olhos dos demais, mas perdemos a chance de assumir muitos riscos; quando nos aposentamos, temos finalmente a oportunidade de fazer o que desejamos, mas perdemos o apoio de nos sentimos requisitados e úteis.
Quando formos capazes de celebrar a vida em todos esses momentos decisivos, em que o ganhar e o perder - isto é, arriscar a vida e a morte - se tocam a todo instante, seremos capazes de celebrar até nossa própria morte, ao aprender com a vida que, quem a perde, a encontra.
Henri Nouwen
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