Conhecer a Vontade de Deus é o Caminho Para se Conhecer a Deus
Deus tem prazer em revelar a sua vontade. Ele não brinca conosco. Mas a sua vontade tem um tempo e um modo. Quando Saul estava no trono, Davi foi ungido. Deus iria colocar Davi no trono. Aquele era um modo de Deus, mas ainda não era o Seu tempo. Então, quando Davi estava naquela caverna e Saul entrou ali, os valentes disseram a Davi: “Agora é o tempo. Você já é o ungido do Senhor. Tira Saul do caminho e sente-se no trono”. Mas Davi não fez isso. Ele sabia que era fácil matar Saul, mas não o fez, porque conhecia o sentido de autoridade e sabia esperar o tempo de Deus.
Deus é a única fonte de autoridade. Se ele não estiver presente, não há autoridade. Sabendo isto, Davi esperou a vontade de Deus no tempo de Deus. Esta é uma lição vital que temos que aprender durante toda a vida.
Em Colossenses, Paulo menciona a epignosis da Sua vontade e a epignosis de Deus – o pleno conhecimento da Sua vontade e o pleno conhecimento de Deus. Conhecer a vontade de Deus e obedecê-la é o caminho para se conhecer plenamente a Deus. Não podemos inverter isto. Se não respondermos a Sua vontade, andando de acordo com a luz que já temos alcançado, em obediência, nunca chegaremos ao pleno conhecimento de Deus.
Noemi, a vontade de Deus
Vejamos o exemplo de Rute. Que maravilhoso livro! Noemi, a sogra de Rute, representa ali a vontade de Deus. A vontade de Deus aqui é uma só – que Rute encontrasse a Boaz, porque através da união de Rute com Boaz, teríamos a Obede, que é o pai de Jessé, que é o pai de Davi.
A última palavra do livro de Rute é Davi. A vontade de Deus era Davi, um homem segundo o Seu coração. Mas o que teria que acontecer? Aqui está aquela moabita, que não pertencia ao povo de Deus, estranha às alianças da promessa, uma viúva sem esperança e sem Deus no mundo.
Noemi olha para as suas duas noras, Orfa e Rute, e lhes diz: “não tenho mais filhos no ventre para vos dar, que possam ser seus maridos. Voltem, minhas filhas, e vades”. Rapidamente, Orfa desistiu e abandonou a Noemi, retornando para o seu povo e os seus deuses. Mas Rute fez um voto, e aquele voto está relacionado com a vontade de Deus: Davi. Sem Noemi, nunca haveria Davi, porque sem ela, Rute não encontraria a Boaz.
Rute diz a Noemi: “Não me instes para que te deixe, e me obrigue a não seguir-te; porque para onde quer que tu fores, irei eu, e em qualquer lugar que pousares, ali pousarei eu. O teu povo será o meu povo, e o teu Deus o meu Deus”. É o voto que nós devemos fazer com relação à vontade de Deus. Nada que não seja a morte deve nos separar da Sua vontade.
Noemi significa doçura. Mas a vontade de Deus também pode ser Mara: “Não me chamem mais Noemi, mas me chamem Mara –amarga– ; porque em grande amargura me pôs o Todo-poderoso”. Rute seguiria a Noemi não só quando esta era doce, mas quando Noemi era amarga.
Rute permaneceu fiel à vontade de Deus. Ao entrar no campo de Boaz, ela não conhecia a Boaz, não sabia nada a respeito dele. Rute foi colher espigas. Ela era uma mulher gentia, mas de alguma maneira ela conhecia a palavra de Deus. Rute disse a Noemi: “colherei espigas por detrás daquele a cujos olhos achar graça”. Deuteronômio 23 diz que o povo de Israel não deveria colher absolutamente tudo, mas deixar espigas para o órfão, para a viúva e para o estrangeiro.
Rute uma moabita, mesmo sendo uma gentia, se agarrou à vontade de Deus, Noemi; e se agarrou à palavra do Senhor. Rute disse: “…colherei espigas”. Há uma palavra linda no capítulo 2 de Rute. O Espírito Santo escolheu a palavra casualidade. Diz que Rute, por uma casualidade, entrou no campo de Boaz. Isso não é uma casualidade, é a soberania de Deus. São os arranjos de Deus, mas para Rute era uma casualidade.
Deus governa as circunstâncias, ele é o Deus da providência. Para Rute, foi casual; mas para Deus foi proposital. Rute se apegou à vontade de Deus. Ela entrou no campo do Boaz, e este chegou ao campo ao final da tarde e perguntou quem era essa moça.
Aquele foi o primeiro encontro. Eles disseram: “É a jovem moabita, que voltou com Noemi dos campos de Moabe”. Ele se interessou por Rute e quis saber dela. Disseram-lhe: “Ela está desde a manhã até agora, sem descansar nem mesmo por um momento”. Então, Boaz diz a Rute: “Ouça, minha filha, não vás colher em outro campo”. O que significa isso na linguagem do Novo Testamento?
Boaz é uma figura de Cristo. As riquezas do campo de Boaz são figura das riquezas insondáveis de Cristo. Então, quando diz a Rute: “Não vás colher em outro campo”, isso significa: “Não ameis o mundo”. Cristo, nosso Boaz, é quem nos diz: “Não vás colher em outro campo… Não ameis o mundo”. Então, Boaz acrescenta: “Aqui ficarás com os meus servos”. Qual é o caminho para conhecer plenamente a vontade de Deus? Qual é o caminho de Deus para a união com Cristo? Rute e Boaz – Cristo e a igreja.
“Não vás colher em outro campo. Aqui ficarás com os meus servos”. O que significa isso na linguagem do Novo Testamento? “…compreender com todos os santos qual seja a largura, o comprimento, a profundidade e a altura, e de conhecer o amor de Deus, que excede todo o entendimento”.
Aquele livro maravilhoso nos leva do conhecimento da vontade de Deus até o conhecimento de Deus. Boaz é figura de Cristo. No capítulo 1, Rute é uma estrangeira. Ela é estranha às alianças da promessa. No capítulo 2, Rute está nos campos de Boaz, e no capítulo 3, ela é a serva de Boaz. Ela descobre os pés de Boaz, quando ele está dormindo na eira, e Boaz, despertando como que assustado, pergunta-lhe: “Quem é você?”. E ela diz: “Eu sou Rute tua serva”. Mas, no capítulo 4, Rute é a esposa de Boaz.
Essa é a nossa história. Nós éramos gentios, estranhos às alianças da promessa. Fomos levados aos campos de Boaz, às riquezas insondáveis de Cristo. Não vamos colher em outros campos; aqui permanecemos com seus servos, e então nos tornamos servos de Cristo. E, finalmente, somos a esposa de Boaz, as bodas do Cordeiro.
Vontade geral e vontade particular
O caminho para o pleno conhecimento de Deus é o caminho para o pleno conhecimento de Sua vontade. Que o Senhor nos ajude, e nos revele sua vontade geral e sua vontade particular com relação a nossas vidas, nossa família, nossos relacionamentos, a vida de igreja, nossos trabalhos, o comprar, o vender, o vestir. Quanto mais respondemos à vontade de Deus, mais entramos na plenitude de Cristo.
Colossenses 1:9 e 10 nos fala do pleno conhecimento de Sua vontade e o pleno conhecimento de Deus. Primeiro diz: “em toda sabedoria e entendimento espiritual”. Assim vamos conhecendo a vontade de Deus. Deus se agrada em nos revelar a Sua vontade. E, para que nos revela a Sua vontade? Para que nós obedeçamos.
O Senhor não lança o conhecimento em nosso colo. O genuíno conhecimento espiritual vem pela obediência. Em cada passo, conhecemos e fazemos a vontade de Deus. “Aquele que me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”. Quão importante é isto!
E, qual é o propósito? “…A fim de viverdes de modo digno do Senhor” (V. 10). A palavra digno, aqui, tem o sentido de harmonia. Paulo também a usa em Efésios 4:1: “Vos rogo que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados”. Não aponta apenas para o ponto da dignidade. Mas também para o andar digno, aponta para aquele maestro que está com a sua batuta, regendo uma orquestra e eles tocam os instrumentos de maneira harmônica.
Nosso Deus e Pai, em Cristo Jesus, pelo Espírito, é o nosso Maestro. Ele rege a orquestra e, à medida que vamos conhecendo e obedecendo a vontade de Deus, então andamos de modo harmônico ou digno. Graças ao Senhor, esta dignidade é o resultado da obediência. Viver de modo digno do Senhor.
(Romeu Bornelli)
(Síntese de uma mensagem compartilhada em Iquique (Chile), em novembro de 2012)
Fonte: Rev. Aguas Vivas-Ano14•N°71•Jul-Ago-Set-2013
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