JÓ? BASTA UM!

 


Pessoas questionam-me frequentemente sobre a história de Jó, possível contemporâneo do patriarca Abraão. Certamente não possuo grande facilidade para responder às perguntas acerca desse tema, mas tanto eu quanto você não podemos deixar de aprender o que Deus deseja para nós por meio de histórias como essa. Quisera não presenciar mais pessoas sofrendo como ele, especialmente entre meus amigos e parentes, mas sei que tal feito é impossível. Lembro-me de uma história real de uma mãe que perdeu seu filho num acidente de moto em Santa Catarina e, ao ajoelhar-se ao lado do caixão do filho, ela utilizou a mesma expressão de Jó: "...O Senhor me deu tudo o que eu tinha, e agora tomou de volta. Glórias ao Senhor! Bendito seja ele!" (Jó 1.21b). Geralmente, as pessoas usam o ocorrido com esse personagem bíblico para "consolar" outras pessoas e até mesmo para justificar que elas devem aceitar o sofrimento. O sofrimento tem seu lugar devido à natureza efêmera do ser humano caído, mas também pode se tornar uma escola da vida para aqueles que sabem enfrentá-lo com sabedoria. No entanto, da mesma forma que os "amigos de Jó" cometeram graves equívocos, mesmo que bem-intencionados, também estamos sujeitos a erros de interpretação da história daqueles que estejam vivendo momentos semelhantes. O que podemos aprender com tudo isso?

Primeiramente, não existem privilegiados para sofrer ou não as lutas da vida, tanto nas perdas de coisas como também de pessoas — todos estamos sujeitos a passar por um momento de Jó em nossas vidas. O conceito de sofrimento é a associação de uma ferida que temos, acrescida da dor que ela causa, além do quanto suportamos passar por isso. A natureza do ser humano caído é efêmera, sujeita a esse sofrimento na terra. Além de vivermos como um sopro ou como uma erva que cresce e morre rapidamente, não podemos evitar as lutas que essa condição limitada nos impõe. Em segundo lugar, desejo refletir sobre o raciocínio do apóstolo Paulo, que relaciona essa realidade com uma palavra de esperança de que nem sempre as coisas serão assim. Ele disse: "Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens" (1 Coríntios 15.19). A realidade do eterno, sem sofrimento, sem lágrimas, é real, pois é algo que Cristo já conquistou na cruz. Queiramos ou não, isso traz o consolo de que a eternidade que nos espera nos livrará de tudo isso. 

Tudo bem, você pode contestar, mas como faço enquanto isso não termina? Há uma frase que costumo dizer às pessoas que me procuram em momentos de crise: "Agora cabe a você administrar o sofrimento pelo qual está passando". Busque sabedoria, aplique as verdades e os princípios bíblicos em seus conceitos de vida, e permita-se ser consolado, guiado e amparado pelo Espírito Santo. Não tente fugir daquilo que é suscetível a todos; não busque controlar o sofrimento como se tivesse o poder de determinar quando ele irá cessar; não faça associações ou suposições tentando explicar tudo, principalmente querendo justificar ou acusar a si mesmo ou aos outros, assim como fizeram os amigos de Jó. Por que Deus não estaria presente na tempestade? 

Às vezes, parece que ele está dormindo no barco, mas tenha certeza de que, no momento oportuno, ele vai se levantar e acalmar qualquer tempestade. Todos os momentos vividos nessas circunstâncias sempre trouxeram, ao descansarmos em Deus, novas experiências de aprendizado, em que um novo tempo surgiu, um novo ciclo se iniciou e uma nova trilha passou a ser seguida sob sua preciosa direção. Que Deus nos ajude a louvar tanto na alegria quanto no sofrimento, sabendo que seu amor é perfeito e sua vontade sempre será a melhor para cada um de nós!


 *Oração* : Senhor, que os planos que o Senhor tem para minha vida se cumpram. Nos momentos de deserto e de provações, que eu saiba com sabedoria superá-los debaixo dos teus cuidados. Amém


(Devocionais de Avivamento - Marcos Stier Calixto)


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