A Sabedoria de Deus

 Que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência (Efésios1.8).

Amor sem sabedoria frequentemente opera muito dano naqueles que seriam os beneficiados.

Thomas John Barnardo, fundador de orfanatos em Londres, está totalmente ciente de que não bastaria tirar, de uma vez, as crianças moradoras de rua, que vêm da ignorância e do pecado, da pobreza e da sujeira, e colocá-las em uma mansão de fartura, onde cada desejo fosse atendido. Este seria o caminho para arruiná-las; para fazê-las crescer egoístas, insensatas, negligentes, impetuosas, ingratas. Muito tem ele que ensiná-las no caminho da obediência, paciência, trabalho e autocontrole, antes que possam ser confiáveis e colocadas na ampla vereda disponível da abundância e do progresso.

Assim também Jeová teve que agir com respeito a Israel. Ele não conduziria imediatamente à terra da promessa uma nação de idólatras. Muito tinham eles que ser ensinados, muito a desaprender, muito a aprender a respeito de si mesmos e de seu Deus, antes que pudessem, sem danos, ser estabelecidos na terra da promessa.

Como naturalmente desejamos, se o Senhor nos levasse à glória, de imediato, em nossa conversão, haveria muitas rebeliões de independência e impaciência com o governo de nosso Deus. Por esta razão, ele nos coloca sob várias formas de teste por muitos anos.

A lição de nossas fraquezas e do mal que se adere a nós, não é aprendida em um dia. Tempo e paciência são exigidos para despir o velho Adão e vestir o novo.

Esta foi a razão pela qual quatro mil anos seriam necessários, nos desígnios de Deus, para estender-se entre a queda e a vinda de Cristo. Por dois mil anos, o homem teve que demonstrar sua ilegalidade, apesar das advertências de sua consciência. Por dois mil

anos, Israel foi colocado debaixo da lei para provar que na carne não habita bem algum. E os homens são lentos para crer na verdade, até em nossos dias.

Se o Salvador tivesse chegado antes do tempo previsto, o homem não teria crido que ele próprio era tão cheio do mal, tão destituído de bem, tão incapaz de salvar-se a si mesmo. Apesar de todas as longas experiências humanas do passado, os homens não estão persuadidos de que neles não há nem remédio, nem esperança. A transição de lei para graça, de Moisés para Cristo, não poderia, de modo sábio, ter sido efetuada antecipadamente na história do mundo.


Desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo (Efésios 1.9).

Esta revelação dos propósitos de Deus é um grande ato de generosidade; quão pouco os cristãos em geral o consideram. "O servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer" (João 15.15). Ser alguém do conselho de autoridades e dignitários de uma nação é considerado uma grande honra. É sinal de amizade pessoal, quando alguém fala para outro de seus planos.


"O mistério da sua vontade" (Efésios 1.9). Deus revelou muito para Moisés, como seu servo, durante a lei. Mas Moisés bem sabia que havia segredos de Deus não revelados a ele (Deuteronômio 29.29). Mistério é um segredo e não algo ininteligível. Como a natureza

de Deus é santa, nós também devemos ser feitos santos, de modo que nossa habitação com ele possa estar em paz e alegria. Mas não havia nenhuma necessidade de conhecermos seus planos para o futuro. Isso tem origem na sua bondade para conosco. Valorizemos a lâmpada da profecia que nosso Deus fez brilhar para nós. Em seus ensinos, nossa própria felicidade e glória estão grandemente mescladas. Deus é livre para

escolher e executar seus planos, e esta liberdade, ele exerce totalmente; e ninguém impedirá a conclusão de seus propósitos.

Há uma diferença de opinião a respeito da pessoa referida nas palavras "que propusera em si mesmo" (Efésios 1.9, ARC). Alguns entendem que as palavras se referem ao Pai, outros, ao Filho. A diferença na explicação é mínima. Nossa esperança como cristãos se volta para o nosso conhecimento deste segredo de Deus no que se refere ao dia do milênio. Fazer parte desse governo perfeito é o prêmio de nosso chamamento. E, para consegui-lo, um caminho especial de obediência é exigido.

(Robert Govett)

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