Filhos Para Deus
Filhos "para si mesmo" (Efésios 1.4, ARC). Filhos de Deus para morar com o Altíssimo e à vontade, em casa, com ele. Isso é um avanço na parte da herança até dos anjos não caídos. Eles são filhos por criação, nós, por adoção. "Adoção" significa tirar alguém da família em que nasceu, para introduzi-lo a outra família, tornando-o membro dela. Este é um direito capaz de ser exercido por qualquer homem. E não terá o Altíssimo direito de adotar e salvar quem lhe agrada?
Somos retirados da raça caída de Adão para sermos colocados na mais alta filiação, acima dos anjos que nunca caíram!
Mas a Escritura diz que Israel teve "a adoção" (Romanos 9.4).
Sim, para ser a principal nação da terra. "Israel é meu filho, meu primogênito" (Êxodo 4.22), diz Deus para o grande rei pagão da terra. Mas nós somos filhos adotivos do Deus do céu, membros do Filho do próprio Deus. O Filho desceu até nós, para que pudesse nos elevar até ele. O grande desígnio de Deus requeria que o Filho de Deus se tornasse homem a fim de libertar o homem, a quem Satanás havia arruinado ao entrar na serpente.
Quatro vezes neste capítulo a vontade de Deus é demonstrada, pois tudo gira em torno da sua escolha:
(1) Paulo foi apóstolo pela vontade de Deus (Efésios 1.1); (2) somos filhos predestinados de acordo com a vontade de Deus (1.5); (3) a primazia de todas as coisas em Cristo é o mistério da vontade de Deus (1.9); (4) depois vem a afirmativa de grande alcance, que Deus "faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade" (1.11). É bom para nós que seja assim! Embora ele não nos apresente nenhum relatório de seus motivos, tudo é ditado por sua sabedoria infalível.
"O beneplácito da sua vontade" (Efésios 1.5) parece significar a escolha daquilo que para ele é o melhor.
Assim sendo, ele decide.
Sermos santos diante de Deus é uma necessidade que se origina na natureza de Deus. Mas muitas coisas são arranjadas de acordo com seu benevolente prazer em abençoar. Sua decisão brota dele mesmo. Sua escolha não é de acordo com nosso mérito. A reprovação ou omissão de alguns não é mencionada aqui.
Para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado (Efésios 1.6).
Os atos do Altíssimo são designados para afetar não somente os salvos, mas outros seres, quer anjos ou homens. Diz Jesus: "Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim" (João 17.22-23). Quando os eleitos da igreja brilharem com o mesmo fulgor do próprio Filho e forem amados pelo Pai como ele ama o Filho, todos os espectadores, comovidos em perplexidade, dirão "Que graça maravilhosa!", "Que glória admirável". "É digna da majestade e bondade de nosso Deus!". Então, o louvor fluirá para Deus como o Doador gracioso, através da bênção visivelmente concedida aos membros da igreja, o corpo do Senhor Jesus.
A graça nos estabeleceu como crentes no Filho.
Mas o Espírito Santo diversifica a expressão, mais para evocar nossa gratidão e alegria. Somos aceitos "no Amado". Jesus, o Senhor, não é somente o mais sublime de todos os seres, mas o amado de Deus acima de todos. E nós somos colocados nele para que o amor do Pai possa finalmente ser derramado sem impedimento sobre nós para sempre. Jacó, vestido com as vestes de primogênito, obtém a bênção do pai; uma bênção prometida, mas a qual ele estava longe de merecer.
Desse modo, nossas bênçãos: (1) são da ordem mais alta; (2) estão nas regiões mais elevadas; (3) estão na Pessoa mais exaltada!
No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça (Efésios 1.7).
"Redenção" implica em que nosso estado original foi de servidão. Nós somente poderíamos ser resgatados por determinado preço. Esse preço foi o sangue de Cristo. Éramos merecidamente prisioneiros de Deus, debaixo de culpa e da penalidade da lei, por causa de nossas transgressões a ela. Cristo é verdadeiramente homem; isto deve ser mantido contra o falso ensino de alguns, tanto em tempos remotos como nos tempos modernos. Isso é provado por seu sangue derramado na cruz, como João viu e testificou.
A redenção realiza-se em duas partes: (1) em épocas diferentes e (2) a partir de diferentes princípios. Nós já temos a redenção da alma, pelo preço que o Senhor pagou, seu sangue. Estamos aguardando a redenção do corpo pelo poder de Cristo na sua volta (Romanos 8.11, 23). Cristo nos redime, não em virtude de sua encarnação; nem pela sua vida de santidade; nem pela força de sua oração no Getsêmani. Pois "sem derramamento de sangue não há remissão" (Hebreus 9.22).
Nosso caso é como o de Israel no Egito, debaixo da escravidão de Faraó. O povo de Israel era incapaz de se libertar. Mas quando colocado sob o abrigo do sangue do cordeiro, o próprio Jeová os resgatou. Libertos do justo julgamento do Senhor, eles foram libertos dos
grilhões de Faraó.
A glória da graça de Deus não poderia ser demonstrada a não ser por meio da queda do homem.
Sua bondade demonstrada aos não caídos seria bastante fácil. Mas como agiria o Senhor quando a rebelião entrasse?
Esta era a ocasião para a demonstração da sabedoria e misericórdia de Deus.
Não é glória à criatura, muito menos à criatura caída. Mas a graça brilha ao beneficiar os indignos ou aqueles merecedores da ira.
O crente tem o perdão de suas próprias transgressões. Ele não tem que se fazer santo e praticar boas obras a fim de que seja perdoado. Ele não consegue fazer nenhuma boa obra, aceitável na visão de Deus, até que tenha sido perdoado através do sangue do Filho de Deus.
Para aqueles debaixo da lei, há somente o domínio do pecado e a sentença de condenação. A promessa de Israel para Jeová, no Sinai, foi de que eles não pecariam (Êxodo 24.7). Eles foram advertidos a não desobedecer, porque não seriam perdoados se assim o fizessem (Êxodo 28.20-21). Consequentemente, após a idolatria ao bezerro, apesar da tentativa de Moisés de reconciliação, Jeová fala que eles ainda estão debaixo do pecado, e que o seu pecado será punido no vindouro Dia da vingança sobre os vivos e os mortos (Êxodo 34.10; 32.34).
(Robert Govett)
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