Amadurecendo…

 


"... de fé em fé." (Rm 1:17) "... de glória em glória" (2 Co 3:18) "... de força em força." (Sl 84:7) “... até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração.” (2 Pe 1:19) “... como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” (Pv 4:18)


“Penso que algumas pessoas imaginam que o crescimento espiritual é adquirir cada vez mais verdades. Não, não necessariamente. Você pode crescer em tal conhecimento à medida que cresce, mas não é apenas isso. O que é crescimento? É ser conformado na imagem do Filho de Deus. Este é o fim e é nessa direção que estamos nos movendo de forma progressiva, firme e consistente. Crescimento pleno, maturidade espiritual é sermos feitos conforme a imagem do Filho de Deus. Isso é crescimento. [...]  "É o que Cristo é para nós que determina a medida de nosso crescimento, o que temos visto pelo Espírito em Cristo, visto que Cristo é."¹

A equivalência dos versículos supramencionados apontam para a seguinte realidade: “até que todos alcancemos a unidade que a fé e o conhecimento do Filho de Deus produzem e amadureçamos, chegando à completa medida da estatura de Cristo.” (Ef 4:13 NVT) [ou] “... até que Cristo seja plenamente desenvolvido (formado) em vocês.” (Gl 4:19 NVT) 

“Cristo nos redimiu para que pudéssemos receber a promessa do Espírito Santo pela fé. O Espírito Santo é a bênção da nova aliança que a tudo inclui. É atribuição do Espírito Santo trazer Jesus ao nosso interior, o céu e o poder de uma vida para sempre e abençoá-la.”² 

Ó, que grande exortação do Espírito Santo temos na Palavra: Considerai Jesus atentamente (Hb 3:1)! Olhe fixamente para Ele, contemple-O. Essa vocação celestial é para todos os separados do Senhor. Não se exclua disso, querido irmão! 

Foi dito a respeito de Andrew Murray que “para ele, uma das características da vida vitoriosa era uma profunda e silenciosa percepção de Deus e uma intensa devoção a Ele”.

Visões verdadeiras da grandeza e glórias de Cristo são necessárias para nos manter firmes e para avançarmos com perseverança na carreira que nos está proposta. (cf. Hb 2:1-2) O chamamento que temos recebido de Deus em Cristo é ascensional, isto é, um chamado 'para o alto' (ver Fp 3:14, o termo "soberana vocação").   

“John Newton afirmava que a contemplação da glória toda-suficiente do Senhor como uma disciplina diária é essencial para a vida cristã. Esse é o segredo da santidade: não viver na montanha-russa da experiência, mas ter como principal “grande ocupação contemplar a glória de Deus em Cristo; e, contemplando, ser transformado à mesma imagem. Esse hábito traz consigo frutos de justiça, os quais são por Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Fp 1.11).

John Flavel (1628-1691), um dos autores puritanos favoritos de Newton, escreveu: “Quanto mais frequente e espiritual for sua conversa e comunhão com Cristo, mais da beleza e da amabilidade de Cristo será estampada em seu espírito, transformando você na mesma imagem, de glória em glória”. A beleza e a amabilidade de Cristo ofuscam a centelha do pecado.

Newton ainda afirmou que são maravilhosos os efeitos da contemplação, pelos olhos da fé, de um Salvador crucificado e glorioso, pelo poder do Espírito, à luz da Palavra. Essa visão destrói o amor ao pecado, cura as feridas da culpa, amacia o coração duro e enche a alma com paz, vida e alegria; tornando a nossa obediência praticável, desejável e agradável.

Se pudéssemos ver mais desse Salvador, olharíamos menos para as outras coisas. Mas, ai de nós! A incredulidade coloca um véu diante de nossos olhos e a mentalidade mundana atrai nossos olhos para outro caminho. O desejo de ser alguma coisa que não somos, possuir algo que não nos pertence, fazer algo que não nos é lícito – escondem nosso Amado de nossos olhos.

Isso mostra que pobres criaturas nós somos! Precisamos de uma nova conversão a cada dia.

Quando uma alma falha em encontrar sua satisfação em Cristo, ela permanece com um vácuo dentro de si que é tomado por ídolos e falsas seguranças. Thomas Chalmers (1780-1847) chamou esse fenômeno mais tarde do poder expulsivo de uma nova afeição.

Nossa humilhante experiência de pecado é uma marca de maturidade. Ser humilhado pelo pecado é ser marcado pela graça. A santidade cristã não é a erradicação da natureza pecaminosa, pelo menos não neste lado da eternidade. De acordo com o plano sábio de Deus, e para sua própria glória, o pecado que habita em nós não será erradicado da vida do cristão até a ressurreição.

A santidade de um pecador crente torna-o cada vez mais sensível ao pecado, mais desejoso de lutar contra ele, humilhando-o sempre quando o pecado prevalecer. Deus, em sua soberania, usa nossa fraqueza para aumentar nosso amor e admiração pelo nosso Salvador, que é nossa completa justiça e santificação.”³


(¹ Sparks, ² A. Murray; ³ J. Newton)


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