A Glória do Filho em Sua Pessoa e Obra

 





O Filho em Quem Deus Falou


"Havendo Deus, outrora, falado,

muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho."

(Hebreus 1:1-1:2a)


"Havendo Deus falado"! Esse é o magnificente portal através do qual entramos no templo onde Deus nos revelará sua glória.

Com essa frase, somos imediatamente levados à presença do próprio Deus. O objetivo principal da Epístola aos Hebreus é conduzir-nos a Deus, revelar-nos Deus, possibilitar-nos ter contato com ele. O homem foi criado para Deus. O pecado separou o homem de Deus. O homem sente necessidade de Deus e o busca. A Epístola aos Hebreus traz-nos a mensagem do evangelho da redenção a fim de ensinar-nos onde e como encontrar Deus. Todos os que têm sede de Deus, do Deus vivo, aproximem-se e ouçam.¹

"Havendo Deus falado"! 

“Deus tem falado! Louvado seja Deus! Sem o Seu falar, Deus é misterioso, mas Ele revelou-Se no Seu falar e já não é misterioso. Agora é o Deus revelado.

A ênfase deste livro é que Deus, e não o homem, tem falado. Por isso, o autor não é identificado, nem em nenhuma citação do Antigo Testamento se menciona o nome de quem falou.Segundo o conceito deste livro, a Escritura toda é o falar de Deus. Por isso,ao referir-se ao Antigo Testamento,este livro diz sempre que é o falar do Espírito Santo (conforme 3:7; 9:8; 10:15-17)”²

Falar é o veículo por meio do qual a comunhão é realizada. Falar é uma prova de que aquele que fala considera capaz de ter comunhão consigo aquele a quem se dirige; falar é uma evidência de que aquele que fala deseja ter comunhão. O homem foi criado para ter comunhão com Deus. O pecado interrompeu essa comunhão. A natureza fala de Deus e de sua obra, todavia não pode falar a respeito do coração e dos pensamentos de amor de Deus para conosco, pecadores. Em sua miséria mais profunda, o homem busca Deus, mas, quão frequentemente, ao que tudo indica, essa busca é vã. Mas, Deus seja louvado, essa busca vã não dura para sempre. O silêncio foi quebrado. Deus chama o homem de volta para a comunhão com ele. Deus falou!

"Havendo Deus falado"! Por um determinado período de tempo, Deus falou de forma imperfeita e provisória por meio dos profetas, preparando para uma revelação mais perfeita de si mesmo. Agora, finalmente, as alegres boas-novas são ouvidas.

"Deus falou em seu Filho"! Deus, o Infinito, o Incompreensível, o Invisível, falou. E o fez em seu Filho! Ó, quem é capaz de mensurar tamanha alegria e glória! “Ouvi, ó céus, e dai ouvidos, ó terra, porque o Senhor é quem fala"! (Is 1:2)

"Havendo Deus falado"! Quando o homem fala, ele revela a si mesmo a fim de fazer conhecidos os pensamentos e inclinações de seu coração que, de outra forma, permaneceriam escondidos. Quando Deus, que habita em luz inacessível, fala desde sua glória nas alturas, ele o faz com a finalidade de revelar a si mesmo. Ele deseja que saibamos o quanto nos ama e nos deseja, o quanto deseja salvar e abençoar, o quanto deseja que nos aproximemos dele e vivamos em comunhão com ele.

"Deus falou em seu Filho"! O ministério de anjos e profetas serviu meramente para preparar o caminho; esse ministério jamais poderia satisfazer o coração de Deus ou o coração do homem. O verdadeiro poder da vida de Deus, a experiência plena da proximidade dele, a verdadeira libertação do pecado, o derramar do amor no coração - nada disso poderia

ser comunicado pelo ministério de criaturas. O próprio Filho deveria vir até nós como a Palavra de Deus, o portador da vida e amor do Pai. O próprio Filho deveria vir para nos conduzir a um relacionamento vivo com o Ser divino, para habitar em nosso coração assim como ele habita no coração de Deus, para ser em nós a Palavra de Deus assim como o é em Deus e, dessa forma, permitir-nos experimentar Deus falar conosco de forma viva.

“Deus, que concedeu aos nossos antepassados muitos vislumbres diferentes da verdade nas palavras dos profetas, agora, no fim desta era, deu-nos a verdade no Filho…”³

"Havendo Deus falado"! As palavras de um homem têm peso para nós segundo a ideia que temos de sua sabedoria, veracidade, poder e amor. Mas as palavras de Deus, ó, quem pode estimar seu valor para nós! Cada palavra carrega em si mesma toda a vida de Deus, todo seu poder salvífico e amor. Deus falando em seu Filho! Certamente aqueles que começaram a conhecê-lo estarão prontos a abandonar tudo para poder ouvi-lo!

"Havendo Deus falado"! As palavras dos homens em muitas ocasiões exerceram influência maravilhosa e poderosa.

Mas as palavras de Deus são atos criativos, realizam aquilo que é pronunciado. "Pois ele falou e tudo se fez!" Quando Deus fala em seu Filho, ele nos dá a si mesmo, não somente para nós e conosco, mas em nós. Ele expressa o Filho desde as profundezas de seu coração até o profundo de nosso coração.

As palavras dos homens apelam à mente ou à vontade, aos sentimentos ou às paixões. Deus fala para aquilo que é mais profundo do que tudo isso, ele fala ao coração, aquela área profunda e central dentro de nós, onde se encontram as fontes da vida. Devemos crer no poder tremendo e vivificador da palavra de Deus.

"Havendo Deus falado"! Falar demanda ouvir. Deus pede-nos uma só coisa, é tão simples e justo: que ouçamos.

Não devemos também ouvir, em santa adoração e reverência, inteiramente atentos e render-nos àquilo que ele nos diz por meio da Epístola aos Hebreus? Conheceremos também o poder e a alegria de ouvir Deus falando-nos em seu Filho.

Deus é espírito. Como tal, ele não tem nenhuma outra maneira de comunicar-nos sua vida ou seu amor senão entrando em nosso espírito e habitando e obrando ali. Ele faz com que Cristo habite em nosso espírito e, ali mesmo, ele nos fala em Cristo essas palavras de amor, palavras redentoras e de poder, que nos trazem vida. As palavras de Cristo não nos são de qualquer proveito se não nos desvendarem o que Deus está operando e nós, se não nos dirigirem àquilo que será revelado em nosso coração. É o coração que Deus deseja; abramos completamente o nosso coração para ouvir e desejar ardentemente.

"Deus falou em seu Filho"! O Jesus vivo saiu da fornalha ardente da santidade de Deus, do resplendor ardente do amor eterno, ele é a própria palavra viva. Ao estudar esta epístola, onde sua glória é revelada de forma tão maravilhosa, procuremos entrar em contato com Jesus, recebê-lo em nosso coração, tomá-lo como nossa vida, para que ele possa levar-nos ao Pai. No princípio, Deus disse: "Haja luz: e houve luz". Hoje ele ainda fala com poder criador em seu Filho, e a presença e a luz de Cristo tornam-se a vida e a luz da alma.


Quanto esforço as pessoas fazem para aprender um língua estrangeira porque desejam ter acesso aos escritores daquela língua. Que nenhum problema seja tão grande a ponto de impedir que entendamos a língua de Deus, sua Palavra, seu Filho. Para aprender uma língua estrangeira, eu procuro alguém que a conheça para me ensinar. A linguagem de Deus é celestial, espiritual, sobrenatural - totalmente divina; somente o Espírito Santo pode ensinar-me como entendê-la, como pensar os próprios pensamentos de Deus. Possamos tê-lo como nosso mestre.

"Então se prostrou Abraão rosto em terra... Deus lhe respondeu". Deus nos falará em seu Filho de forma pessoal e direta, de maneira ainda mais maravilhosa e eficaz, mas o espírito com que estudamos esta epístola e ouvimos o Filho abençoado deve ser um espírito de profunda e santa reverência, a expressão de um desejo intenso de saber o que Deus fala.

A verdade celestial não é proferida senão por meio da voz de Cristo, nem ouvida senão por meio do poder de Cristo, do Cristo vivo no interior daquele que ouve. "Aquele que é de Deus ouve as palavras de Deus". Somente aquele que se entrega à nova natureza pode conhecer verdadeiramente o que significa o falar de Deus em Cristo.

A voz de Deus foi ouvida três vezes durante a vida de Cristo.

Em cada uma dessas ocasiões, ele disse: "Este é o Meu Filho amado, a Ele ouvi". "Eu já o glorifiquei". Permitamos que Deus fale esta palavra ao nosso coração: "Meu Filho amado". Ó, Deus meu, fala comigo em teu Filho. Ó, fala essa palavra desde a profundeza de teu coração para o profundo do meu coração.¹

(...)


(¹ Andrew Murray; ² W. Lee; ³ J. B. Phillips)


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