O Rádio do Calvário
Há pouco tempo, estava lendo sobre a estranha sina de certas jovens que são empregadas em um laboratorio onde o contato com o radio é inevitável. Essas jovens sabem que, após ingressarem nessa fábrica, o destino delas está selado. Elas morrerão. Depois de alguns meses, ou anos, não me recordo o tempo exato, elas são liberadas do seu trabalho com um belo cheque de dez mil dólares. Algumas vivem um ano, outras dois outras três, mas todas morrem pelos efeitos do rádio. Essa é a
razão da abundante remuneração. Os médicos examinaram meninas que estiveram em contato com o rádio e descobriram, por meio de raios X, que um fogo estranho, que lentamente consumia a vida, queimava em seus ossos. O rádio mata. Ele é a força mais altamente concentrada conhecida pelos cientistas.
Há dois mil anos, ali na manjedoura em Belém, Deus deu ao mundo Seu Filho Unigenito. N'Ele estava concentrado o amor infinito do Pai. Mas toda a força daquele amor redentor não foi liberada para um mundo abatido pelo pecado até que ali no Calvário o coração flamejante do Amado quebrou. Foi então que Rádio Celestial foi focado sobre o grande câncer do pecado e vergonha da humanidade. O rádio mata. Não há nenhum poder debaixo do céu que possa resistir a sua concentrada dinâmica.
A cruz mata. O homem que se expõe ao Calvário logo descobre que um fogo escondido queima dentro dos seus ossos. A velha "vida do ego", tão ressentida, tão atarantada, tão gananciosa e tão sensível, tão arrogante e tão vã, tão cega para tudo, menos para a sua própria concupiscência particular, tão pronta para sacrificar o bem de muitos se apenas a sua própria honra puder ser assegurada - a velha "vida do ego" não pode resistir ao impacto do Calvário mais do que um frágil barco a investida de uma grande onda.
O Doutor Mabie, em sua notável obra A cruz, fala da morte do Salvador como "Imortal morte". Ela gerou uma força - a força moral destrutiva do pecado - perto da qual todas as éticas frias das eras, todos os preceitos dos moralistas, sim, todas as leis das nações são como o cintilar de uma estrela comparado ao brilho do sol em seu apogeu. De fato, não foi uma mera morte.
As rochas foram fendidas e a terra tremeu quando naquela hora de triunfo o Filho do Homem clamou (os evangelistas insistem que foi com "grande voz") "está consumado". A vida não se esgotou simplesmente. A sua força aumentou. Por isso na hora final o grande Clamor de Consumação sacudiu a própria terra. "O centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus" (Mc 15.39). Corretamente o doutor Mabie fala do "processo intermediário da morte e ressurreição". A ressurreição estava na morte, e a morte está na ressurreição. Agora este Rádio Moral concentrado, se posso assim dizer, é liberado no espirito do crente quando ele se rende ao Cristo da cruz. A "velha vida" dominada pela dinâmica da cruz é condenada à morte. A vida de ressurreição toma o seu lugar. Não é à toa que o apóstolo dos gentios clamou: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo" (Gl 6.14).
“... mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus..." (1 Co 1.23-24). (Poder, no grego, dunamis, de onde provém a palavra dinamite.)
F.J.Huegel
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