O Benefício das Aflições

 Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus 

estatutos. (Sl 119.71.) 



É muito curioso que as plantas de mais vivas cores sejam encontradas nas mais altas montanhas, nos lugares expostos ao tempo mais rude. 

Os mais brilhantes líquens e musgos e as mais encantadoras florinhas, encontram-se em exuberância na altura de picos vergastados pelo vento e a tempestade. 

Uma das mais pródigas exibições de colorido que já contemplei no mundo vegetal encontrava-se perto do cume do monte C, de mais ou menos três mil metros de altura. 

Toda uma face da extensa rocha estava coberta de um líquen do mais vibrante amarelo, que resplandecia à luz do sol como se fosse a amurada de um castelo encantado. 

Ali naquelas alturas, no meio de um cenário de desolação, exposto à fúria bruta das tempestades, esse líquen ostentava tons gloriosos como jamais apresentava nas regiões abrigadas do vale. 

Tenho diante de mim, enquanto escrevo, dois espécimes do mesmo líquen: um 

da montanha, outro dos muros de um castelo escocês, ensombreado entre sicômoros. 

A diferença entre eles, em forma e cor, é notável. 

O espécime que se desenvolveu por entre as fortes tempestades da montanha é de um lindo matiz amarelo-pálido, e é macio em contextura e completo na forma; enquanto o espécime cultivado ao ar suave e às brandas chuvas do vale é de um fosco tom de ferrugem e de contextura escamosa e formato irregular. 


E não é assim com o crente que é afligido, açoitado pelas tempestades e desprovido de consoladores? 

Enquanto não é batido e rebatido pelas tempestades e vicissitudes da providência de Deus, seu caráter mostra-se como que rude e obscurecido. 

As aflições, porém, vão removendo a obscuridade, e aperfeiçoam as formas de sua disposição interior e dão brilho e bênção à sua vida. 


— Hugh Macmillan


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