Precisamos entender a história do Monte da Transfiguração, especialmente à luz do Evangelho de Lucas. Em certa ocasião, Campbell Morgan afirmou: "A natureza humana, depois da queda do homem, tornou-se cada vez mais vazia. Porque fomos destituídos da glória de Deus, por causa do pecado, a natureza humana nunca conseguiu florescer". Todavia, no Monte da Transfiguração, o Filho de Deus, como o Filho do Homem, era o Homem Perfeito aos olhos de Deus. Essa foi a primeira vez na história da humanidade em que a verdadeira humanidade floresceu. Ali vemos a manifestação dessa glória. É por isso que Campbell Morgan sugeriu: "Se Adão nunca tivesse caído e tivesse tomado do fruto da árvore da vida, ele iria crescer continuamente. E, um dia, ele partiria deste mundo. Mas ele não partiria deste mundo através da morte. Então o que aconteceria? Ao receber do fruto da árvore da vida, ele estaria sendo transformado à imagem do Senhor Jesus. O sinal de que aquela vida estava madura seria algo semelhante ao que aconteceu no Monte da Transfiguração".
É por isso que precisamos entender a beleza da cena do Monte da Transfiguração. No que concerne ao nosso Senhor, Ele já chegara ao final de Sua jornada na Terra, Ele já havia atingido o ápice da vida. Daquele monte, Ele poderia ter ascendido aos céus, Ele já havia cumprido todo o propósito de Deus para Sua vida. Ele tinha vivido uma vida maravilhosa. Mas o nosso Senhor não partiu dali. Ele ainda não podia subir ao céu dali. Ele teve, antes, que descer do Monte Hermon até o Monte do Gólgota e ali morrer por nós na cruz.
Aqui nos é dada uma definição do caminho da cruz. O caminho da cruz é o caminho que leva do Monte da Transfiguração ao Monte Gólgota. O nosso Senhor não precisava passar por esse caminho. Mas, para nos salvar, Ele não salvou a Si próprio. Para nos salvar, Ele precisava morrer por nós na cruz. Qual é o caminho da cruz? Por que teve ele que passar por esse caminho? Quando Pedro estava no Monte da Transfiguração, disse: "Façamos três tendas". Por que Pedro fez aquela afirmação? Devemos lembrar que naquela época a Festa dos Tabernáculos estava próxima. Pedro, então, estava no espírito da Festa dos Tabernáculos. Façamos três tendas (tabernáculos), uma para o Senhor, outra para Elias e outra para Moisés. Qual o significado dessa afirmação de Pedro? A Festa dos Tabernáculos é a época da colheita de uvas e azeitonas. Nessa época, as uvas estavam maduras, por essa razão havia maravilhosos frutos na vide. Na Festa dos Tabernáculos, aqueles frutos atingiram a sua maturidade; há lindos cachos pendurados sob as parreiras. Mas aquelas uvas não permanecem ali, intactas; todas as famílias judaicas dirigem-se para as parreiras e colhem aquelas uvas, e as depositam no lagar para serem pisadas. Há dois lagares, um menor e outro maior e, entre esses dois lagares, há um pequeno tubo. Ao pisarem aquelas uvas maravilhosas, elas se desfiguram, tornam-se em fragmentos, perdem a beleza anterior. Mas, ao serem desfiguradas, o maravilhoso suco da uva é extraído. O suco começa a fluir do lagar superior para o inferior. Ali, então, é produzido o vinho para o mundo. Quando chega o inverno, mesmo as pessoas humildes e pobres podem ser aquecidas por esse vinho. No inverno, dentro de seus lares, as pessoas se regozijam, mas os ramos das vinhas estão na neve. A vinha deu tudo de si para que os homens pudessem encontrar regozijo.
Esse é o caminho do Monte Hermon até o Monte Calvário. Esse não é um sofrimento merecido. É um sofrimento imerecido. Não é o sofrimento de um Jacó e sim o sofrimento de um Jó. Jó sofreu porque era perfeito e porque era maduro. O Senhor amadureceu com um propósito: outorgar graça para outras pessoas. O sofrimento das uvas tem um propósito: dar vida para outros. A vide se derrama para os outros, para que outras pessoas possam receber vida.
Esse é o terceiro estágio da vida do Senhor. Esse é o caminho da cruz: do Monte da Transfiguração até o Monte do Gólgota. Através desse maravilhoso quadro, somos relembrados por Pedro do poder do Senhor Jesus. Esse é o poder transformador das nossas vidas. Porque Ele nos deu esse divino poder, pela graça do Senhor podemos ser transformados à Sua imagem. Essa é a nossa história. Essa é a história do nosso Senhor e, por causa disso, vamos tomar a história dEle como a nossa história.
Extraído do livro "Grandes Profecias da Bíblia" do irmão Christian Chen - Edições Tesouro Aberto
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