Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-se! - 02
“Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se” (Mateus 27:42).
“Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-se”. Isso não significa que Ele não tivesse o poder e os recursos para salvar a Si mesmo. Pelo contrário, Ele tinha o poder, mas não iria usa-lo! Salvar os outros quando isso não custa nada a você é algo possível até para as criaturas caídas. Mas salvar os outros e recusar-se a salvar a si mesmo, quando você tem condições para fazê-lo, é divino. Ele não pode salvar a Si mesmo porque é contrário à natureza divina salvar o ego à custa da perda dos outros.
A Si mesmo não pode salvar-se. Palavras impressionantes, pronunciadas como deboche e pelos lábios de pecadores que crucificaram o seu Salvador. Mesmo na tentação do deserto (Mt 4:1), essa lei da Sua vida foi manifestada; ali Ele não se alimentou, porque não poderia alimentar a Si mesmo, mas mais tarde, alimentou os outros (Mt 14:13-21).
Ele podia utilizar todo o poder da Divindade para abençoar os outros, para alimentar os outros, para salvar os outros; mas para Si mesmo, nada! Não usou os recursos divinos para salvar a Si mesmo no momento de fome aguda, para ter uma palavra a menos de desprezo ou um golpe a menos do açoite, e ser apenas golpeado com a mão.
Assim devem ser os filhos de Deus conformados à imagem do Filho, para manifestar Seu caráter divino, como o Filho revelou a expressa imagem do Pai. “Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-se” é a lei da vida de Jesus e deve ser a lei da vida de cada seguidor do Cordeiro.
Ter o poder para salvar a si mesmo e recusar-se a usá-lo, porque, se o usasse, os outros não poderiam ser salvos, é a vida de Jesus manifestada naqueles que Ele redimiu. Derramar sua vida pelos outros que o rejeitam e o julgam incorretamente, quando você não precisaria fazê-lo: isso é Calvário! Ter o poder para salvar a você mesmo e não usá-lo, por significar perda para os outros: isso é Calvário! Ser usado para libertar almas do poder de Satanás e, depois, colocar-se, como Cristo o fez, à aparente mercê da “vossa hora e o poder das trevas” (Lc 22:53): isso é verdadeiramente o Calvário!
Ó Filho de Deus, Ele salvou os outros, mas a Si mesmo não pode salvar! Este deve ser o caminho para os seguidores do Cordeiro em cada momento de tensão dolorida e tempestade. Deus te usa para libertar os outros, e talvez você esteja desejando saber por que você mesmo não é libertado das lutas por fora e temores por dentro (2 Co.7:5) que estão assediando sua própria vida. Outros vêm a você em extrema necessidade, e, com teu próprio coração partido, você é solicitado a dar do teu próprio vazio e perder aquilo que parece ser a tua própria necessidade. Você é solicitado a clamar pela vitória dos outros que estão em angústia, quando você mesmo parece estar em angústia maior.
No Calvário foi assim! Aquele, que havia libertado outros do poder de Satanás, foi entregue, como vimos, à fúria total do poder das trevas. Aquele, que havia realizado obras poderosas de Deus pelos outros, jaz em impotência e fraqueza nas mãos dos homens. Sim, isso é o Calvário. Vida, poder, bênção e libertação para os outros, e nada para você mesmo, a não ser permanecer na vontade de Deus e aceitar das mãos do Pai tudo o que for do Seu agrado permitir que chegue até você.
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Extraído do livro “A Cruz: O Caminho Para o Reino”
(Editora dos Clássicos) – Jessie Penn-Lewis
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