Salvos pela Graça

  


"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie."

(Efésios 2:8-9)



Nascemos neste mundo algemados pelo pecado, mortos para Deus e filhos espirituais do

diabo. Estas são palavras fortes, no entanto, retratam a mais pura realidade de todo ser humano. Não podemos brincar com este assunto. A natureza que herdamos do nosso primeiro pai, Adão, é totalmente avessa Deus. Os textos seguintes comprovam as afirmações feitas acima: Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado. Obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza de seus corações. Vós sois do diabo, que é o vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. (João 8:34, Efésios 4:18 e João 8:44ª).

Toda a predisposição do homem é em direção às trevas. De modo espontâneo, amamos o

engano e não precisamos nos esforçar para andarmos nos desejos de nossa carne.

Somos conduzidos pela nossa natureza pecaminosa, e de modo natural nos inclinamos aos apelos do nosso coração caído. O profeta maior aponta: Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal. Jeremias 13:23.

Muitos se gloriam e se satisfazem em sua própria justiça. Pensam que por terem uma conduta aprovada diante dos homens serão aceitos por Deus.

Porém, a Bíblia não admite este tipo de conclusão.

Está escrito no livro de Isaías 64:6: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento nos arrebatam.” Observemos que não são os nossos pecados que são considerados trapo de imundícia, e şim, as nossas justiças. Verdadeiramente a queda no Éden trouxe a ruína espiritual para toda a humanidade.

Todas as ações realizadas pelo homem, por mais dignas que possam ser, estão maculadas pelo pecado. Diante deste fato, constitui-se num engano terrível alguém pensar que as suas obras de justiça, seu comportamento, sua religiosidade ou moralidade lhes servem como uma espécie de garantia de salvação. Qualquer tentativa do homem em buscar a salvação por meio de seus próprios méritos é absurda, ofensiva, inaceitável e abominação diante de Deus.

As Escrituras sagradas revelam: Não de obras, para que ninguém se glorie. E, se é pela

graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça. Bem que eu poderia confiar na carne...circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamin, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu... quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que, para mim era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para conseguir Cristo. (Efésios 2:9, Romanos 11:6, Filipenses 3:4-8).

Alcança grande bênção aquele que ganha a revelação de sua completa pecaminosidade. No entanto, aquele que pensa que tem em suas mãos o destino de sua vida, é o mais miserável de todos os homens. Pobre daquele que acha que precisa fazer a sua parte como: boas obras, caridade, ritos religiosos... para que possa ser salvo.Louco é o homem que não dá a devida atenção à questão mais importante da existência humana: a regeneração em Cristo Jesus.

No entanto, se a rebelião do primeiro homem trouxe conseqüências inimagináveis à raça humana, a superabundante graça de Deus nos surpreende, pois ela resgata, soberanamente, o homem do lamaçal do pecado. O livro de 2 Timóteo 1:9 registra: Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos.

Ser salvo pela graça significa dizer: Nasci em iniqüidade e mereço o inferno, contudo, fui alcançado pela bendita misericórdia divina; merecia a condenação, mas ganhei a justificação; o lago de fogo e enxofre era o lugar para onde eu deveria ir, porém, o Senhor

me reservou o céu como herança. A graça repousa apenas naqueles que chegaram ao fim de si mesmos, ou seja, nos falidos. E "A graça divina recusa-se a ser ajudada naquilo que ela tem de fazer. Portanto, nada há que possa derrotá-la, e uma vez dada, age ficazmente."

É incrível, mas muitos pensam que pelos seus muitos pecados estão privados da graça de Deus. Isto é contradição. No conceito humano, pecado e graça estão em extremos opostos.

Pensam que a graça vem somente onde não há pecado. Porém, é exatamente o contrário. A nossa miséria é condição básica para recebermos a graça.

Watchman Nee escreveu: O homem deixa de receber a graça não por ser pecaminoso demais, mas por não estar em condição suficientemente baixa. Está impedido pelo seu orgulho. O pecado é um dos maiores enganos do homem, mas o seu maior engano é pensar que o pecado impede o homem de receber a graça. O livro de Romanos 5:20 testifica: Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça. Não são os nossos pecados que impedem a ação da graça em nós, mas sim, a nossa soberba.

O escritor inglês Abraham Booth (1734-1806) descreveu a graça como sendo o favor eterno e totalmente gratuito de Deus, manifestado para conceder bênçãos espirituais e eternas a

criaturas culpadas e indignas. A graça divina é o favor soberano e salvador de Deus exercido para conceder as bênçãos aos que não tem nenhum mérito, e pelas quais não se exige compensação alguma.

Somos tremendamente limitados para compreendermos este tão santo e puro atributo divino, que é a soberana graça.

É dito que o caminho para o céu não atravessa uma ponte de pedágio, e, sim, em uma ponte livre, a saber, a graça não merecida de Deus, Cristo Jesus. A graça opera independentemente dos valores humanos.

Ela reside unicamente na soberana vontade de Deus.

A graça divina recusa-se a ser ajudada naquilo que ela tem de fazer. Portanto, nada há que possa derrotá-la, e uma vez dada, age eficazmente. O reinado da graça está baseado na justiça do Filho de Deus. No livro de Romanos 5:21b está registrado: Assim também

reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. A graça de Deus está fundamentada na obediência perfeita e meritória de Cristo.

Sendo a graça o que é, a mensagem da cruz torna-se a única esperança para o pecador afundado no brejo do pecado. A salvação do perdido está ligada diretamente ao sacrifício realizado por Cristo naquela cruz. Está registrado no livro de Tito 3:4-7: Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.

Cristo, em sua morte, carregou a culpa do nosso pecado. O Senhor do universo, pendurado

naquele rude madeiro, derramou todo o seu sangue e, desta forma, nos outorgou tão grande redenção. O apóstolo Paulo escreveu: Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça. Romanos 3:24-25a.

Somente a graça tem o poder miraculoso de trocar a nossa velha vida por uma nova. Lemos em 2 Timóteo 2:11: Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele.

Nada podemos fazer, em nada podemos colaborar, a não ser nos render a esta maravilhosa

graça. A porta de acesso para a salvação do pecador tem um único nome: GRAÇA. A graça anuncia que não precisamos fazer nada para sermos salvos. Ela não exige, mas doa. A graça não requer que sejamos fortes, mas fracos. A graça reina triunfante. As seguintes palavras de G.S. Bishop resumem bem todo o pensamento deste estudo: A graça é a provisão para homens que estão tão caídos que não podem levantar em suas próprias justiças, tão corrompidos que não podem trocar suas naturezas, tão opostos a Deus que não podem se voltar para Ele, tão cegos que não podem ver, tão surdos que não podem escutar, tão mortos que Deus mesmo há de abrir suas sepulturas e levantá-los para a ressurreição.

Somente pela graça, o homem pode ser salvo.


Tomaz Germanovix


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